Por que o coração de Chopin foi depositado em uma urna?
Aventuras Na História
Frédéric Chopin, renomado compositor e pianista polonês, faleceu em Paris em 1849, quando tinha apenas 39 anos de idade. Sofrendo de tafefobia — o medo de ser enterrado vivo — e com forte desejo de ser sepultado em sua terra natal, o artista solicitou à irmã em seu leito de morte que seu coração fosse removido e levado a Varsóvia. E assim fez Ludwika Jedrzejewicz, contrabandeando o órgão para a região, que na época estava sob domínio russo.
Embora o corpo do artista tenha sido sepultado no Père Lachaise Cemetery, em Paris, seu coração foi selado em um pote de licor e colocado em uma urna de mármore, em um pilar da Igreja de Santa Cruz, conforme destaca uma matéria do The Washington Post.
Ocupação nazista
Durante a ocupação nazista da Alemanha, o coração de Chopin — que era tido como um símbolo do nacionalismo polonês — foi removido da igreja e presenteado a Erich von dem Bach-Zelewski, um oficial de alto escalão da SS que apreciava a música do pianista.
Posteriormente, com o término da Segunda Guerra Mundial, a Alemanha restituiu o coração à igreja. Assim, um grupo de pesquisadores decidiu analisá-lo várias décadas depois.
Condição crônica
Era sabido, até então, que Frédéric Chopin sofria de uma condição crônica de saúde. Apesar de a tuberculose ser amplamente considerada como a causa de sua morte, o verdadeiro motivo permaneceu um mistério por mais de 150 anos.
Ao longo de décadas, os cientistas acreditavam que, ao examinar seu coração, poderiam finalmente esclarecer a causa do falecimento do compositor.
"O mistério da doença desse homem persiste – como ele poderia sobreviver por tanto tempo com uma doença tão crônica e como ele poderia escrever peças de beleza tão extraordinária. É um quebra-cabeça intelectual, é um mistério médico e é uma questão de grande curiosidade científica", declarou Steven Lagerberg, que escreveu um livro sobre a misteriosa morte do pianista, à AP em 2014.
Análise de 2014
No ano de 2014, o coração do compositor foi, finalmente, analisado por especialistas e os resultados revelaram que ele teria provavelmente sofrido de complicações decorrentes da tuberculose, mais especificamente de uma pericardite. Os resultados foram publicados no American Journal of Medicine.
Dois sinais de pericardite, -inflamação do pericárdio-, ambos visíveis, foram prontamente identificados pelos cientistas. O coração, conforme descrito no artigo, apresentava um "considerável aumento de tamanho e uma aparência desordenada". Além disso, estava revestido por uma substância branca, conferindo-lhe um aspecto "opaco".
Evidências não são conclusivas
As evidências, no entanto, não são conclusivas. Para tal, destacam os pesquisadores, seria necessário abrir o recipiente pela primeira vez desde a morte do compositor, expondo o coração ao ambiente externo.
"Algumas pessoas ainda querem abri-lo para coletar amostras de tecido para fazer testes de DNA para apoiar suas ideias de que Chopin tinha algum tipo de condição genética", disse o geneticista MichalWitt ao Observer. "Isso seria absolutamente errado. Pode destruir o coração e, de qualquer forma, tenho certeza de que agora sabemos o que matou Chopin."