Beyoncé, Houston Rockets e o resgate do country negro
Sportbuzz
Em 2024, Beyoncé segue fazendo a sua especialidade na cultura americana e mundial: surpreendendo e causando reviravoltas. A cantora anunciou o segundo ato de uma trilogia de álbuns que vem construindo, o projeto country ‘Cowboy Carter’. A coletânea promete resgatar a presença (e a origem) negra no gênero musical.
A mudança de estilo, no entanto, vem apenas para os que não conhecem as raízes de Beyoncé, que é texana, filha de Mathew Knowles, do Alabama, e de Tina Knowles, cuja família vem do Estado de Luisiana. A dona dos hits “Single Ladies”, “Formation” e “TEXAS HOLD’ EM” é, inclusive, fã de carteirinha da franquia da NBA de sua cidade natal, o Houston Rockets.
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Em parceria com a página “Brotherly Culture”, o portal e podcast “NBA das Mina” (o primeiro brasileiro voltado para o basquete e formado apenas por mulheres) analisou como o impacto do novo álbum de Beyoncé pode reverberar profundamente nos âmbitos musicais e esportivos. Mavi Lopes, social media e uma das administradoras, ressaltou em exclusiva ao SportBuzz que a intenção artística da cantora é ocupar espaços que foram tomados.
“A Beyoncé diz que ela gosta de fazer exatamente o que dizem que ela não pode fazer”, explicou a comunicadora. “Ela vai lançar o álbum country agora, mas desde que era criança em Houston ela vivia essa cultura de rodeio, já cantou em aberturas. Quando ela fez uma música para o álbum 'Lemonade' ('Daddy Lessons') e apresentou no Country Music Awards de 2016 ela sentiu que, claramente, eles não a aceitaram bem”.
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A performance em questão, inclusive, foi a única não incluída no site da premiação no ano citado. Assim, surgia o desejo e a ambição de desenvolver um álbum que celebrasse a cultura do country negro. Mavi afirmou que é possível estabelecer um paralelo de afirmação entre a representatividade de pessoas pretas na NBA e na música em suas diversas frentes.
“Hoje em dia, eles (jogadores negros) são a maioria, mas a liga precisou se desenvolver muito para chegar até esse ponto. Nos anos 2000, com o Allen Iverson, houve muito preconceito com o estilo hip-hop dele, chegaram a proibir o jeito dele se vestir. E isso tem muito a ver com a música. Quando eles querem proibir um estilo, isso afeta o basquete e o estilo musical, tido como de bandido”, pontuou.
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“Então quando eles reivindicam isso, ‘sim, vão ter negros na liga, vai ter o estilo hip-hop’, eu acho que tem muito a ver com o que a Beyoncé faz na música”. A artista de 42 anos não pretende enfrentar os conservadores do sul-americano somente pela arte, já que chegou a cogitar a hipótese de comprar parcialmente o Houston Rockets, cujo dono é ligado à política de direita do Texas e dos Estados Unidos.
“Tem muita gente que acha que como ela seria sócia minoritária, nem haveria tanto impacto. Mas quando o Jay-Z foi sócio do Brooklyn Nets ele mudou muita coisa visualmente, escolheu as músicas, mudou a jersey, enfim, conseguiu ter grande impacto nesse time”, citou Mavi em relação ao rapper, empresário e marido da texana.
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“Acho que a Beyoncé, só de ser uma das sócias, ia gerar uma grande repercussão. E eu acho que com certeza ela ia trazer essa cultura negra e reivindicação de ‘também somos do Texas, também somos do country’. Tem uma nova estrela nos Rockets, que é o Jalen Green, e ela fez questão de chamar ele para as campanhas dela com a Adidas (Ivy Park). Eu acho que, sutilmente, ela está sempre dizendo: ‘esse é o nosso lugar’”.
O ‘Cowboy Carter’, lançado nesta sexta-feira, 29, é a sequência do 'Renaissance', que teve influências do house e da cultura ballroom. A teoria de críticos musicais e de fãs da Beyoncé é de que a trilogia se inspira em estilos musicais de origem negra nos Estados Unidos e que, ao longo do tempo, tiveram o seu protagonismo apropriado pelos brancos. Assim, é esperado que ‘Bey’ feche a trilogia com o rock no terceiro ato.
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