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300 guerrilheiros contra 10 mil soldados: Como os rebeldes cubanos venceram a guerra?
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300 guerrilheiros contra 10 mil soldados: Como os rebeldes cubanos venceram a guerra?

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Aventuras Na História
12/07/2021 20h20
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Noite de gala no luxuoso hotel Habana Riviera, 11 de dezembro de 1957. Era a festa de inauguração do cassino, com direito a show da estrela de cinema Ginger Rogers. Boa parte dos 14 milhões de dólares gastos na suntuosa construção tinha saído dos cofres do governo, no primeiro de uma série de investimentos que transformariam Havana numa
nova Las Vegas. Esse, pelo menos, era o plano do mafioso americano Meyer Lansky, sócio no empreendimento.

A despeito dos hóspedes famosos, o Riviera escancarava tudo que o regime do ditador Fulgêncio Batista tinha de pior: corrupção e desigualdade social. No ano seguinte, 1958, Batista viu naufragar cada um de seus planos. O prenúncio do fim veio logo em fevereiro, quando, sob a supervisão de Ernesto Che Guevara, começaram as transmissões da Rádio Rebelde, diretamente da selva, em Sierra Maestra. Em poucos meses, a emissora clandestina já alcançava todo o país e tornou-se a grande brecha contra a censura dos meios de comunicação imposta pelo regime cubano.

Além disso, mantinha todas as colunas de combatentes conectadas umas às outras. Em março, a revolução começou a espalhar-se. Fidel enviou o irmão, Raúl, com uma coluna de 50 homens para a região de Sierra Cristal, na porção nordeste da antiga província do Oriente. A formação da nova frente de batalha permitiu aos rebeldes ampliar a influência política e recrutar novos combatentes. Quando se juntou novamente às tropas de Sierra Maestra, em outubro, as forças de Raúl Castro somavam de 500 a 600 integrantes.

Ofensiva rebelde

Enquanto Raúl consolidava a posição no Oriente, as colunas de Che Guevara e Camilo Cienfuegos partiram em missões para sabotar a infraestrutura usada pelo Exército cubano no abastecimento de guarnições nas províncias centrais. Foi então que Batista resolveu dar um basta na revolução.

Para não correr riscos, o ditador mirou seu canhão para o que, imaginou, seria a caçada a um coelho: destacou uma força de cerca de 10 mil homens, apoiados por tanques e pela Força Aérea, para um ataque maciço contra a base rebelde em Sierra Maestra. Com pouco mais de 300 guerrilheiros, Fidel Castro parecia condenado. Acontece que o coelho acabou se revelando um leão.

Revolucionário cubano Ernesto Che Guevara / Crédito: Getty Images

 

Sob o comando do general Eulogio Castillo, o Exército de Cuba rumou para as montanhas em maio. Após dois meses e meio de numerosos combates, a operação – batizada Verano – fracassou. Hábil estrategista, Fidel conseguiu controlar as condições nas quais as batalhas eram travadas. Assim, nenhum embate de grandes proporções ocorreu. E os guerrilheiros, palmo a palmo, foram minando o moral das forças inimigas.

Essa derrota de Batista marcou a virada a favor dos revolucionários. Em agosto, Fidel partiu para a ofensiva: enviou as colunas de Guevara, Cienfuegos e Jaime Vega para ocupar a província de Las Villas e sua capital. No caminho, uma emboscada estraçalhou o grupo de Vega. Mas os remanescentes deram sequência à jornada. Em dezembro, eles bateriam às portas de Santa Clara, Santiago de Cuba e, finalmente, o grande prêmio, Havana.

Lições do México

Como isso foi possível? Os revolucionários de Fidel Castro certamente tiraram proveito do despreparo das tropas oficiais, que jamais tinham encarado uma guerra de guerrilha. Mas também devem parte do sucesso à ajuda dos camponeses. Pouco a pouco, eles foram engrossando as fileiras rebeldes. Quando não se apresentavam como voluntários para pegar em armas, contribuíam com informações sobre os movimentos das tropas inimigas ou ofereciam comida e abrigo.

O que realmente decidiu o conflito em favor dos rebeldes, no entanto, foi o treinamento ocorrido entre 1955 e 1956, no México. Naquele período, Alberto Bayo – veterano da Guerra Civil espanhola e especialista em técnicas de guerrilha – ensinou a Fidel e seus companheiros como fabricar bombas caseiras e coquetéis molotov, manusear minas, atirar com fuzis, encontrar refúgio na mata e preparar emboscadas. As lições foram determinantes em 1958, especialmente durante a resistência à operação Verano.

“Levamos em consideração que, nas montanhas, uma coluna de 400 homens deve avançar em fila indiana”, diz o comandante, em Fidel Castro: Biografia a Duas Vozes, de Ignacio Ramonet. Segundo Fidel, os guerrilheiros sabiam que, em posição defensiva,
o adversário seria imbatível. Tudo o que precisavam, portanto, era provocar o inimigo e fazê-lo sair da toca.

Líder cubano Fidel Castro / Crédito: Getty Images

 

Armadilhas eram preparadas em terrenos acidentados, dificultando a organização das forças oficiais. Os homens de Fidel atacavam primeiro a linha de frente, forçando a coluna inimiga a bater em retirada. Quando os batalhões de Batista chegavam perto de suas próprias bases, crentes de que já estavam em segurança, entrava em ação outro grupo de rebeldes, para um segundo ataque. “É o melhor momento”, afirma Fidel. “Quando uma tropa desmoralizada está chegando a seu quartel, ela reduz a vigilância.”

Cruzado de direita

Os homens de Batista também se viam frequentemente presos entre campos minados, que anulavam a vantagem dos tanques de guerra. No dia 11 de julho de 1958, entretanto, apesar de todos os reveses sofridos por Batista, teve início uma nova ofensiva do ditador em Sierra Maestra.

Dois batalhões do Exército de Cuba, o 17 e o 18, atacaram de direções opostas. As forças rebeldes concentraram o contra-ataque sobre o Batalhão 18 e cercaram o grupo perto de La Plata. Durante dez dias, a tropa resistiu naquela posição, esperando ajuda. Mas
os guerrilheiros conseguiram deter as tentativas de resgate, com estradas bloqueadas, minas e franco-atiradores. No dia 21, o batalhão se rendeu.

No fim de agosto, Fidel começou sua ofensiva. Enviou as colunas de Che Guevara e Camilo Cienfuegos em direção à cidade de Santa Clara, para abrir caminho até a capital, Havana. Cienfuegos deixou a Sierra Maestra com 60 homens. Mas, conforme avançava em direção à localidade de Yaguajay, ia recebendo apoio de camponeses. Quando chegou à capital da província de Las Villas, já tinha 500 combatentes. Era uma situação inusitada: pela primeira vez, um destacamento rebelde estava em vantagem numérica frente ao inimigo.

Os soldados de Batista resistiram por 11 dias, até que a munição acabou e não lhes restou alternativa a não ser a rendição. Guevara tratou de conquistar localidades próximas, como Caibarién e Camajuani, antes de atacar Santa Clara. Com 300 homens, tomou a cidade em 28 de dezembro. Cienfuegos conseguiu a rendição de Yaguajay dois dias depois.

As vitórias rebeldes foram sentidas como um cruzado de direita pelo regime cubano. Batista fugiria, deixando tropas sem comando e entregues ao avanço do inimigo. Fidel, com o apoio do irmão Raúl, logo ocuparia a cidade de Santiago de Cuba e iniciaria sua marcha triunfante em direção a Havana.


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