77 anos de Chico Buarque, artista que ascendeu luz em tempos obscuros
Aventuras Na História
Ele viu a Banda Passar e não só cantou coisas de amor. Fez das botas de milico epifanias sintetizadas em cifras e composições. Fez da mais maldita travesti, a bendita Geni, amada e desejada por todo país.
Francisco Buarque de Hollanda estreou na gema em 19 de junho de 1944. Por ironia do destino, o filho do historiador fez história e que alma é capaz de fazer um Retrato em Preto e Branco de suas façanhas? Nem ouso tentar, esse é só um texto que eu teimo em colecionar.
Depois de longas viagens na infância, se formou Arquiteto e Urbanista? Só se for do cotidiano de milhões de brasileiros. Ah, o Meu Guri. Participou do cem mil, Julinho de Adelaide (codinome) se pôs a gritar: Acorda Amor, para despertar uma sociedade vazia, ou por conceitos, ou porque foi sugada pela repressão.
A Homenagem ao Malandro sai na coluna social do Pasquim, assim como Zé Pelintra, foi revolucionário. O verdadeiro malandro, da nata, do tipo que talvez não exista mais, trouxe a malandragem de não cair nas garras do retrocesso para quem o ouve.
Entre o Amor Barato e os Anos Dourados, Apesar de você, Chico amanheceu em outro dia. Inspirou resistências, viu As Caravanas, não desatinou e, muito menos desafinou o coro da consciência e da obstinação.
Disse, By, By, Brasil, seguiu viagem longe do Cálice, não queria que derramassem seu vinho tinto, havia muito o que fazer e embebedar o povo de alegria e determinação, Como Se Fosse Uma Primavera, para sempre.
Meu Caro Amigo, era uma época em que as correspondências viravam prisões, ele não podia ficar alheio, A Foto da Capa tinha de expor o tira sinistro rosnando. Ele acordou e dormiu para fazer da arte um ato político.
Feliz 77, Chico! Que o que hoje assola uma nação, como A História de Lily Braun - nunca mais romance, não perdure, e que suas belas canções tragam Futuros Amantes, Gente Humilde e menos Milagre Brasileiro. Afinal, eu quero o meu!
Quero um país de Chico, com Morena de Angola e seu chocalho, com menos Casamento dos Pequenos Burgueses, quero pessoas que enfrentam batalhões, um tempo sem maldade, como João e Maria. Quero a lei que somos obrigados a sermos felizes.
Suas músicas nos fizeram perceber como o mundo é uma Construção, tudo passa em um segundo. Aprendi a beijar meus pais antes de sair, como se fosse a última vez, com passos tímidos, assim como a Volta do Malandro, andando de viés, e nos ouvidos suas canções que dão forças para lutar por algo melhor, em busca de um Acalanto, por caminhos afora, atrás de tudo que há de revolucionário neste mundo tão bom por ter você, o Imperador do Brasil.
Que por mais 77 anos não tenhamos que cantar a você uma canção Como Um Samba de Adeus. Desejo que as Conversas de Botequim continuem subversivas, e não como uma Roda Viva, em que a gente se sente como quem partiu ou morreu.
São As Vitrines que te veem passar e mudar, e mais de 3 gerações que incansavelmente repetem suas manifestações. Até o Fim, cheio de querubins, safados, que desatinam a nos mostrar que o caminho é cheio de pedras, mas válido para quem tem a subversão na voz.
Assim, como gritei aos plenos pulmões em um dos seus shows, eu quero morar em você. Tenho certeza que seria uma casa incrível, mas viveria na eterna música O Meu Amor, porque existem filas de pessoas que gostariam de se abrigar nesse peito.
Agradeço todos os dias pela minha mãe, Nancy Nogueira, ter me apresentado Chico, e me desculpem os amores dela e dele, ela é minha Imperatriz e ele o Imperador. Obrigada, Brasil, por Chico Buarque, ou seria, Chico, obrigada pelo Brasil. Deus Lhe Pague! Que os meus, os seus, os nossos Orixás te abençoem!
*Caroline Arnold – Relações Públicas, empresária na Enxame de Comunicação e eterna entusiasta de Chico Buarque.