A curiosa condição estabelecida por Grover Krantz ao doar seu corpo para a ciência
Aventuras Na História
Antropólogo e criptozoólogo americano, Grover Krantz escreveu mais de 60 artigos acadêmicos e foi autor de mais de 10 livros sobre a evolução humana, como aponta o The Daily Telegraph. Para estudar o assunto, conduziu diversas pesquisas de campo na China, Europa e na Ilha de Java.
Fora do chamado ‘campo de estudos formais’, Krantz foi um dos poucos cientistas a debater e defender a existência do Pé Grande, o que gerou uma série de críticas ao se trabalho.
Além de ser acusado por colegas de propagar a “ciência marginal”, como diz o Seattle Post-Intelligencer, sua fixação pelo tema lhe fez perder diversas bolsas de pesquisa e promoções. Além disso, sua fama fez com que periódicos acadêmicos rejeitassem artigos de sua autoria.
Mesmo assim, durante sua carreira, mesclou doses de genialidade com assuntos controversos, como a defesa da preservação dos restos do Homem Kennewick — nome dado ao esqueleto de um homem paleoamericano pré-histórico encontrado no leito do rio Columbia, em Kennewick, em 28 de julho de 1996.
Como explica o Science Daily, trata-se de um dos restos mortais mais completos já encontrados. O sujeito teria vivido entre 7.000 e 6.900 a.C..
Por essas e outras, Grover era descrito como o “profissional solitário” ou o “único cientistas”, por defender teses que eram pouco populares e aceitas.
A vida e a morte em nome da ciência
Entusiasta de viagens e estradas, Krantz percorreu todos os 48 estados norte-americanos, aponta o Washington State University. Em 1984, ele recebeu uma alta pontuação no teste Miller Analogies, sendo aceito, posteriormente, no Intertel — uma sociedade dedicada para pessoas com um alto QI.
Em março de 1987, ele participou de um debate de cerca de três horas com Duane Gish, onde discutiram assuntos como o criacionismo e a evolução. O evento, realizado na Washington State University, reuniu cerca de 1.000 pessoas.
Infelizmente, no dia 14 de fevereiro de 2002, Grover morreu em sua casa, em Port Angeles, Washington, após oito meses lutando com um câncer no pâncreas. Foi então que o pesquisador entraria para história por seus trabalhos em nome da ciência tanto em vida quanto depois de morto.
Devido a um pedido, Krantz não teve um velório. Em vez disso, seu último desejo era para que seu corpo fosse doado para a fazenda de corpos da Universidade de Tennessee, onde os cientistas estudam as taxas de degeneração do corpo humano para ajudar nas investigações forenses.
No ano seguinte, seus restos mortais foram enviados para o Museu Nacional de História Natural da Smithsonian Institution. A ligação com o espaço, como recorda matéria do The Washington Post, vinha de seu irmão, Victor Krantz, que trabalhou como fotógrafo por lá.
"Fui professor durante toda a minha vida e acho que posso muito bem ser professor depois de morrer, então por que simplesmente não lhe dou meu corpo?”, questionou o criptozoólogo ao antropólogo do Smithsonian David Hunt, segundo matéria publicada no site do instituto. Hunt concordou com ele, mas Grover impôs uma condição:
"Mas há um problema: você tem que manter meus cães comigo”, disse.
O desejo foi realizado. Quando o corpo do antropólogo chegou na Smithsonian, foi colocado para descansar em um gabinete verde, ao lado dos ossos de seus cachorros favoritos: Clyde, Icky e Yahoo, que eram da raça Lébrel irlandês.
Assim, em 2009, o esqueleto de Krantz foi articulado junto com um de seus cães. Os dois fizeram parte da exposição "Escrito em Osso: Arquivos Forenses do Chesapeake do Século 17" no Museu Nacional de História Natural.
“Krantz foi um verdadeiro professor em vida, e seu esqueleto, em exibição pelos próximos dois anos, garantirá que ele também seja um na morte”, declarou o Instituto em nota quando a exposição foi inaugurada.