A saga de Edgar Ray Killen, o ex-membro da KKK condenado pelos crimes de ‘Mississipi em Chamas’
Aventuras Na História
Em junho de 2005, Edgar Ray Killen estava sentado em uma cadeira de rodas enquanto esperava a leitura de seu veredito. Respirando com a ajuda de uma máscara de oxigênio, o estadunidense fez parte da organização supremacista Ku Klux Klan.
Como relatou a Folha de S. Paulo na época, a sentença foi menos dura que a que os promotores almejavam, mas ainda foi extremamente importante. Naquele dia, Killen foi condenado pelo homicídio culposo de três ativistas dos direitos civis em 1964.
41 anos antes do dia do veredito, James Chaney, Michael Schwerner e Andrew Goodman foram assassinados por membros da KKK no Mississippi. O crime chocou os Estados Unidos e colaborou para a aprovação da Civil Rights Act, a lei de direitos civis.
Condenado a 60 anos de prisão pelos homicídios, o ex-KKK permaneceu na Penitenciária do Estado do Mississippi até morrer em 2018, aos 92 anos. Segundo o The New York Times, a causa do óbito não foi informada, mas ele havia recebido tratamento para insuficiência cardíaca congestiva e hipertensão pouco tempo antes.
Um Klansman
Edgar Ray Killen era um operador de máquina de serraria, pregava em igrejas pequenas durante seu tempo livre e morava em uma casa modesta na cidade de Union, no estado americano do Mississippi.
Embora parecesse um americano comum, ele não era apenas isso. Segundo o FBI, o homem foi um dos membros fundadores da Ku Klux Klan na região da Filadélfia. Além de ter participado da origem da organização na cidade, ele também se tornou seu principal recrutador.
Na noite do dia 21 de junho de 1964, os ativistas James Chaney, Michael Schwerner e Andrew Goodman, todos na casa dos 20 anos, estavam realizando uma investigação no local que abrigava uma igreja negra próxima da Filadélfia, no Mississippi.
A capela tinha sofrido com um intenso incêndio e os três trabalhadores do Freedom Summer decidiram avaliar o que poderia ter causado tal fogo. Mas eles caíram em uma emboscada, planejada por um xerife local e membros da KKK.
Naquela madrugada, os militantes, que participavam ativamente de campanhas que exigiam o registro de eleitores negros, foram assassinados. Eles foram espancados e mortos a tiros na armadilha que custou suas vidas.
Os corpos não foram encontrados no local após o crime. Uma intensa investigação do FBI mostrou-se necessária para que os cadáveres fossem encontrados numa represa, em uma fazenda perto da região. Isso aconteceu apenas seis semanas após os assassinatos. Os corpos foram enterrados sob uma barragem de terra.
Os homicídios trouxeram enorme comoção em todo o país, que foi estimulado pelo crime a exigir mais direitos para pessoas negras. A histórica lei de direitos civis foi aprovada ainda no ano dos assassinatos, mas o julgamento de tais violações demorou anos para ser realizado, assim como os responsáveis para serem condenados.
O The New York Times aponta que a principal teoria acerca do crime é que Edgar Ray Killen recrutou as pessoas que mataram os três ativistas. Ele não estava presente na cena do crime, usando o fato de que estava em uma casa funerária naquele momento como álibi.
Depois de inúmeras investigações, processos e julgamentos, o ex-membro da Ku Klux Klan foi condenado em 2005 e morreu enquanto cumpria sua pena. Durante todo esse tempo, alegou inocência, enquanto defendia a segregação racial nos Estados Unidos. Mais sete pessoas foram condenadas pelos assassinatos.
O crime pelo qual ele foi condenado foi dramatizado pelo famoso filme Mississipi em Chamas, dirigido por Alan Parker, com roteiro de Chris Gerolmo e lançado em 1988.
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