AH Indica: 'D. Leopoldina', a história não contada da imperatriz
Aventuras Na História
Leopoldina, a primeira “primeira-dama” do Brasil, entrou eternamente para a memória popular como uma vítima. Sua morte, aos 29 anos, causou comoção na nação — além da suspeita de que a tragédia tivesse sido provocada pela violência de seu marido, o imperador D. Pedro I, foi um dos maiores motivos para sua abdicação e saída do país.
Para além de sua infelicidade conjugal, porém, existe todo um personagem bem pouco conhecido, ignorado em razão da velha ideia do papel da mulher como uma figura doméstica. Revelado no novo livro de Paulo Rezzutti, autor de outros quatro sobre a história do Brasil. Na obra 'D. Leopoldina', lançada em 2017, a imperatriz aparece como uma articuladora do movimento de independência.
Mais que isso, ela se mostra mais decidida que o próprio marido em levar adiante o que foi, para todos os fins, uma guerra contra Portugal. Em suas próprias palavras, numa carta sem data a seu secretário: “Fiquei admiradíssima quando vi, de repente, aparecer meu esposo, ontem à noite. Ele estava mais bem disposto para os brasileiros do que eu esperava — mas é necessário que algumas pessoas o influam mais, pois não está tão positivamente decidido quanto eu desejaria”.
Obviamente, existe uma Leopoldina que é vítima. Sua estadia no Brasil foi nada menos que infernal, com um marido que ia da indiferença à violência e humilhação, ao conceder privilégios para a amante, a Marquesa (porque assim ele decidiu) de Santos. A imperatriz, que, diante do público mantinha-se quieta, na intimidade odiava a rival, a quem chamava de “bruxa”. As descobertas incluem um documento inédito, o diário de Maria Anavon Kühnburg, nobre austríacaque acompanhou a imperatriz em sua viagem ao Brasil.