Arcebispo de Munique se demite após catástrofe dos abusos sexuais
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Indignado com a reação da Igreja Católica frente aos recentes escândalos de abusos sexuais na instituição, o arcebispo de Munique, Reinhard Marx, pediu demissão na última sexta-feira, 04. Segundo o UOL, o anúncio foi feito pelo próprio religioso.
Toda a frustração de Reinhard Marx, que também é ex-presidente da Conferência Episcopal Alemã, foi externada pelo arcebispo ainda no dia 21 de maio, quando o mesmo enviou uma carta ao Papa Francisco, criticando a “catástrofe dos abusos sexuais”.
"Para mim, é essencialmente uma questão de compartilhar a responsabilidade pela catástrofe dos abusos sexuais cometidos por membros da Igreja nas últimas décadas”, escreveu o religioso na correspondência. Em seu texto, o arcebispo ainda denunciou o que chamou de “fracasso institucional ou sistêmico” do combate aos abusos na Igreja.
“Alguns dentro da Igreja não querem aceitar esta responsabilidade e, portanto, a cumplicidade da Instituição e, assim, se opõem a qualquer diálogo de reforma e renovação em conexão com a crise dos abusos sexuais”, lamentou, ainda, Reinhard.
Já bastante frustrado, inclusive, o cardeal chegou a recusar a Cruz Federal do Mérito, que o presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, queria lhe conceder. Com isso, o arcebispo negou a maior distinção da Alemanha.
Esforços da Igreja
No final de maio, pouco antes da demissão do arcebispo de Munique, o Papa Francisco ordenou uma investigação acerca do cardeal Rainer-Maria Woelki. Segundo o UOL, a ideia era “avaliar a complexa situação pastoral da arquidiocese e, ao mesmo tempo, estudar o possível cometimento de faltas" do religioso e de outros membros da diocese.
Conhecido como um religioso bastante conservador, Woelki é acusado de acobertar dois padres da comunidade religiosa de Düsseldorf durante muito tempo, sendo que ambos os religiosos que ele teoricamente protegeu são suspeitos de praticar violência sexual.
Na época, após encomendar um relatório sobre os abusos em sua diocese, o monsenhor se recusou a publicar as informações. Aos fiéis, ele alegou que os dados eram sensíveis e deveriam ser protegidos, o que incomodou muitas vítimas e gerou um grande mal-estar.
Um segundo relatório, dessa vez publicado em março, revelou que 314 menores, em sua grande maioria com menos de 14 anos, sofreram com episódios de violência sexual na diocese entre 1975 e 2018, crimes cometidos principalmente por membros do clero.