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Como um teste de DNA revelou a grande fraude de fertilidade nos EUA
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Como um teste de DNA revelou a grande fraude de fertilidade nos EUA

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Aventuras Na História
03/07/2021 14h00
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No início dos anos 1960, o Dr. Quincy Fortier já tinha uma carreira respeitada como obstetra. Anos antes, ele havia aberto o primeiro hospital feminino de Las Vegas e logo se tornou referência no tratamento de mulheres que queriam engravidar.  

E foi justamente por isso que Cathy Holm o procurou, quando tinha apenas 22 anos. Recém-casada, um de seus grandes sonhos era construir uma família. Assim, não hesitou em procurá-lo.

Naquela época, a infertilidade era um tema tabu e Fortier era uma das únicas opções de Holm. Apesar disso, ela conseguiu realizar seu grande sonho com o nascimento de Wendi Babst

Wendi Babst/ Crédito: HBO

 

Anos depois, no entanto, Babst acabou descobrindo uma coisa surpreendente: não era filha biológica de seu pai. E não, Cathy não havia traído seu marido, muito pelo contrário, ela era só mais uma das vítimas do obstetra. 

A grande fraude

Toda essa história só foi descoberta recentemente, em 2018. Como relata o The Guardian, na ocasião, Wendi estava prestes a se aposentar como detetive no escritório do xerife do condado de Clackamas, no Oregon, e decidiu comprar um kit de ancestralidade para saber mais sobre seus antepassados. 

Foi aí que os testes apontaram para uma coisa estranha: Babst tinha vários primos, entretanto, a mulher não tinha tios ou tias.

“Percebi que algo estava errado”, disse em uma entrevista ao The Washington Post. Além disso, outo ponto que lhe chamou a atenção foi que um nome, o qual ela nunca havia ouvido falar, se repetia constantemente e sua ficha. Era o de Quincy Fortier

O resultado fez cair a máscara daquele que já havia sido, inclusive, considerado o médico do ano de Nevada, em 1991. Afinal, descobriu-se que Quincy engravidou várias de suas pacientes com seu próprio esperma, sem que elas tivessem consentimento disso.  

O escândalo foi tão grande que a fraude do obstetra, que morreu em 2006, aos 94 anos, virou tema de um documentário lançado no final do ano passado pela HBO, chamado de Baby God.

Segundo o The Guardian, até o momento, descobriu-se que o médico usou seu esperma no tratamento que gerou 26 crianças. Sim, genealogicamente falando, Fortier é pai de 26 pessoas.  

Hanna Olson, diretora de Baby God, há anos já trabalhava em descobrir a verdadeira genealogia das pessoas, enquanto foi produtora da série Finding Your Roots, da PBS. “Tivemos que revelar às pessoas que seu pai não era a pessoa que pensavam que seu pai era, ou que seu avô não era a pessoa que pensavam que era”, disse ao The Guardian. 

Entretanto, engana-se quem pensa que o caso de Quincy Fortier é algo isolado. Como explica Olson, há pelo menos 20 médicos que aplicaram a chamada fraude de fertilidade. Para se ter ideia, o Dr. Donald Cline, de Indianópolis, por exemplo, teve ao menos 50 filhos agido de maneira semelhante.  

Wendi descobriu, posteriormente, que em meados dos anos 2000, duas ex-pacientes do obstetra o processaram por inseminá-las de maneira fraudulenta. Entretanto, de acordo com o Las Vegas Review Journal, os casos foram resolvidos fora dos tribunais. Especula-se que Quincy conseguiu um acordo com as vítimas para que esses episódios não fossem debatidos publicamente.  

Além disso, ele também nunca admitiu que usava de irregularidades em seu tratamento, embora tenha reconhecido a paternidade dos filhos biológicos e, inclusive, os adicionou em seu testamento. No documento, Fortier também deixa aberta a possibilidade de que mais filhos biológicos dele pudessem surgir com o passar dos anos.  

Com o avanço das investigações, Hanna desabafou "acabamos descobrindo coisas muito mais sombrias do que eu imaginava", como o suposto caso de abuso contra seus enteados.

Uma delas, inclusive, o obstetra teria inseminado com amostras de seu próprio esperma. Dessa forma, quando o menino — chamado Jonathan — nasceu, ele foi despachado para uma casa em Minnesota para mães solteiras.  

Apesar da barbaridade, o Dr. Quincy Fortier jamais foi condenado em vida por qualquer uma de suas transgressões. Por fim, Hanna Babst revela que se conectou com vários de seus novos “parentes” que foram descobertos involuntariamente. “A ideia de superar isso é realmente impossível”.


Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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