Daiane dos Santos sofreu racismo na seleção: “Sempre foi tudo muito sutil”
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Em 24 de agosto de 2003, Daiane dos Santos entrou para a história do esporte brasileiro ao se tornar a primeira ginasta a conquistar uma medalha de ouro pelo Brasil. Além de superar grandes nomes da categoria, como Catalina Ponor e Elena Gómez, a gaúcha também teve que passar por cima de outro adversário, muito mais duro e desleal: o racismo.
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"Acho que não existe uma pessoa preta que não tenha sofrido racismo na vida. O que acontece é que muitas pessoas não entendem o que estão passando, não sabem diagnosticar”, disse a gaúcha em entrevista à Marie Claire.
“No meu caso, sempre foi tudo muito sutil: um olhar diferente, um tratamento diferente, uma levantada de voz", conta.
Daiane recorda que já passou por situações assim não só nos clubes pelo qual passou, mas também dentro da seleção brasileira, com pessoas se recusando a usar o mesmo banheiro que ela.
“Aquele tipo de coisa que nos faz pensar: opa, voltamos à segregação. Banheiros para brancos e banheiros para pessoas de cor. Teve muito isso dentro da seleção”.
O preconceito, segundo explica a ex-ginasta, ia além das questões raciais. “Tem a questão de vir do sul, de não ser do centro do país, de ter origem humilde. Ou seja: ‘ela é tudo o que a gente não queria aqui’".
Quando foi campeã do Campeonato mundial de Ginastica Artística, em 2003, a atleta disse que o momento foi único não apenas por conta da conquista, mas também pelo que sua vitória representou.
“Quando a gente vê uma pessoa preta em um lugar, ela representa todas as pessoas pretas. Mostra que é um lugar possível. E ainda mais em esportes que não são os que as pessoas estão acostumadas a ver uma pele escura. E a repercussão foi mundial, porque eu não fui a primeira negra brasileira, fui a primeira ginasta negra do mundo a ganhar uma medalha de ouro", completa.