Diante de valores exorbitantes, gordura de boi ocupa o cardápio
Aventuras Na História
O preço dos alimentos, que já aumentava significativamente nos últimos anos, disparou durante a pandemia e acabou por impactar drasticamente no prato do brasileiro. Podemos destacar que muitas das famílias passaram a reduzir a frequência do consumo de carne, enquanto outras substituíram o produto por alternativas mais baratas, como restos de açougues.
Buscando opções mais acessíveis
O G1 mostrou, em matéria publicada no dia 25 deste mês, como essas pessoas estão fazendo para sobreviver em um período tão difícil. A entrevistada Aisa Teixeira Gomes, por exemplo, afirmou ter começado a pedir gordura de boi para mascarar a ausência da carne no cardápio da família.
Aposentada e moradora de uma residência com nove pessoas, ela é a única fonte de renda atualmente, uma vez que os filhos se encontram desempregados.
“Eu vou ao açougue pedir gordura para comer. Eu falo assim ‘tem como me dar as pelanquinhas’, eles me dão e eu coloco sal e misturo com o feijão para comer”, disse a idosa, que compra os alimentos e paga as contas de casa com um salário mínimo.
Doações
Dona Aisa ainda declarou que recebe cesta básica de uma conhecida entidade, a chamada Legião da Boa Vontade, que fica na Cidade Dutra, na Zona Sul de São Paulo. Contudo, ela afirma que até mesmo a arrecadação de alimentos para doação foi afetada pela crise, de modo que a entidade está tendo de distribuir um menor número de produtos.
A entrevistada conseguiu, na última doação, algumas caixas de leite, as quais não devem durar muito.
"Vamos usar para reforçar o café da manhã das crianças antes de ir para a escola, mas não dá nem para uma semana. Estamos controlando para não colocar muito, eles ficam com vontade de tomar mais, mas não dá", lamentou a idosa.
Inflação
Conforme mostram dados fornecidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o aumento da energia elétrica e da gasolina impactaram na aceleração da inflação. Conforme a fonte, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) registrou uma alta 0,89% em agosto, sendo que em julho o valor havia sido de 0,72%.
Assim, o custo da alimentação no domicílio passou de 0,47% em um mês, para 1,29% no outro.
O IBGE destaca que os maiores aumentos foram o do tomate, de 16,06%, e do frango em pedaços, de 4,48%. Outros produtos que tiveram aumento foram as frutas, com 2,07%, e o leite, com 2,07%.
No entanto, observou-se uma queda nos preços de alguns alimentos como a cebola, -6,46%, e o feijão-preto, de -4,04%. Também o arroz e o feijão-carioca ficaram mais baratos, sendo -2,39% o primeiro e -1,52% o segundo.