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Dos Mutantes a aposentadoria dos palcos: Rita Lee, a rainha do rock brasileiro
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Dos Mutantes a aposentadoria dos palcos: Rita Lee, a rainha do rock brasileiro

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Aventuras Na História
18/08/2021 17h46
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Foi no dia 31 de dezembro do ano de 1947, no bairro da Vila Mariana, capital de São Paulo, que nasceu Rita Lee Jones, uma das mais importantes cantoras e compositoras da história da música brasileira.

Filha do dentista Charles Fenley Jones e de Romilda Padula, desde pequena, a paulistana descendente de imigrantes norte-americanos e italianos já era apaixonada por animais e possuía a já conhecida personalidade transgressora, que ditou tendência no rock nacional.

Em uma trajetória musical consolidada, seja como membro de uma das mais famosas bandas brasileiras da década de 1960, Os Mutantes; ou, em carreira solo — que até hoje rende suas canções mais conhecidas — não foi uma surpresa Rita ter sido popularmente apelidada como a 'rainha do rock brasileiro'.

Para relembrar a carreira e o legado que a artista continua espalhando, conversamos com exclusividade com o produtor musical, professor e coordenador do curso de Graduação Tecnológica em Produção Fonográfica da Universidade Estácio de Sá, Mayrton Bahia

O início

Em entrevista, Mayrton nos conta que ao contrário do que muitos pensam a carreira musical da artista não começou nos Mutantes:

“De acordo com a biografia da Rita Lee, a primeira banda dela se chamava Tennage Singers, essa banda acabou se juntado a uma banda rival, chamada Wooden Faces, onde tocavam os irmãos Batista, Sergio, Arnaldo e Claudio, a partir daí surge O’Seis, que mais tarde viria a se transformar, com algumas modificações, nos Mutantes”.
Os Mutantes, em 1969 / Crédito: Divulgação/Arquivo Nacional

 

Foi justamente com Os Mutantes que Rita passou a se dedicar exclusivamente a música. A banda trouxe uma renovação para a sonoridade brasileira e inicialmente causou estranheza nos concursos musicais da época, mas, logo se destacou.

‘Os Mutas’ — como Lee chamava o grupo musical — trouxeram “criatividade nas interpretações, nos sons e nos instrumentos produzidos por eles”, nos conta Bahia.

Além disso, a banda também revelou uma parceria revolucionária com o movimento tropicalista, como pontua o professor:

“Os Mutantes foram fundamentais para dar uma identidade brasileira ao Pop/Rock bem como por apontar novos rumos musicais e sonoros para a MPB”.

No ano de 1972, as coisas mudaram com uma reviravolta na carreira da paulistana, que na época anunciou que deixaria Os Mutantes. Em sua biografia, a cantora deu detalhes sobre o ocorrido, que até hoje gera polêmicas, como nos relembra Mayrton.

“Segundo relato da própria Rita, ela foi expulsa da banda. De acordo com a biografia sobre os Mutantes, escrita por Carlos Calado, ela foi comunicada que estava fora da banda por Arnaldo Batista, os outros Mutantes ainda tentaram apoiar Rita, mas ela teria ficado muito magoada e preferiu seguir em frente, fora da banda”.

Mudanças e nova fase 

Com isso, a artista partiu para um novo começo à frente da banda Tutti Frutti, com seu quarto álbum de estúdio, ‘Fruto Proibido’ (1975), Rita lançou uma de suas canções de maior sucesso: Ovelha Negra.

Já no ano de 1977, a cantora conheceu alguém que iria mudar o rumo de sua vida pessoal e profissional: Roberto de Carvalho, músico, multi-instrumentista, compositor e o homem que viria a ser o marido e o pai dos três filhos de Rita: Beto, João e Antônio.

Rita e Roberto em foto recente / Crédito: Divulgação/Instagram/@ritalee_oficial

 

Já na carreira solo, a parceria com Roberto que rendeu frutos na vida, também não seria diferente na música. Com o famoso disco ‘Babilônia’, de 1978, a carreira de roqueira se elevou a novos patamares de sucesso, com diversas faixas estouradas nas rádios, como nos relata Bahia:

“Juntos [Rita e Roberto] transcenderam todas as fronteiras, se é que elas existem, entre o Rock, o Pop e a MPB. São responsáveis por diversos sucessos que, certamente serão eternizados, não só através das gravações originais, produzidas em seus discos, como também por regravações que certamente virão, através das gerações futuras de intérpretes e músicos”.

Legado em construção 

Atualmente, aos 73 anos de idade, a cantora que dá voz a canções eternizadas como: Lança Perfume; Mania de Você; Agora só Falta Você; Doce Vampiro; Amor e Sexo; Saúde e Desculpe o Auê, optou por se aposentar dos palcos, desde o ano de 2013.

Hoje em dia, a artista vive isolada com seu marido em um sítio na grande São Paulo. No local, Rita encontrou a paz rodeada de seus tão adorados animais.

Em maio deste ano, Lee informou através de suas redes sociais que foi diagnosticada com tumor no pulmão esquerdo e passa por tratamento com imunoterapia e radioterapia. Segundo Roberto, com as intervenções médicas “resultados positivos já existem”, como reportou o Aventuras na História. 

 

Ao longo dos anos, Rita fez — e continua fazendo — uma legião de fãs e admiradores de seu trabalho. Como mulher no cenário musical majoritariamente dominado por homens, a cantora abriu portas e quebrou tabus falando sobre temas diversos: desde o prazer feminino, amor e até mesmo drogas.

Segundo Mayrton apesar de estar longe dos palcos, Lee continua contribuindo com a música e com a cultura brasileira: “As pedras continuam rolando e, certamente, continuarão a rolar por muito tempo”, afirmou.

Para o professor, a lição mais importante que a trajetória musical de Rita continua a nos ensinar está ligada à sua espontaneidade como artista e como pessoa:

“O legado de uma menina que continua presente na mulher, que não se intimidou com todos os desafios, barreiras, prazeres e armadilhas do glamour e do sucesso da vida artística!", afirmou.

O professor continua: "Ela é daquelas intérpretes que sobem no palco e a gente acredita que ela acredita e aposta no que canta, no que faz e em quem ela é! Expondo com arte suas dores, alegrias, amores, desilusões, inseguranças e vitórias, sempre com muita paixão, humor e coragem”, finaliza.


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