Fóssil de pterossauro brasileiro apreendido é o mais preservado da espécie, aponta pesquisa
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Um estudo publicado no último dia 25 no periódico internacional Plos One revelou que o fóssil de pterossauro brasileiro que seria contrabandeado em 2013 e foi interceptado pela Polícia Federal em Santos, no litoral paulista, é o mais bem preservado já encontrado da espécie.
Os dinossauros tapejarídeos viveram há cerca de 100 milhões de anos, como ressaltou o G1. No estudo, os pesquisadores apontam para a possibilidade de o animal da espécie Tupandactylus navigans não ter sido um bom voador para longas distâncias, possuir uma grande crista na cabeça — que seria quase metade de sua altura — e não ter dentes.
A pesquisa e posterior publicação do artigo só foram possíveis a partir da ação da PF, que recolheu o fóssil juntamente a outras 3 mil peças que provavelmente seriam contrabandeadas para colecionadores privados em países na Europa ou Estados Unidos. O material estava em seis quadrados de lajes de calcário.
Os responsáveis pelo estudo do esqueleto do réptil brasileiro foram o paleontólogo da Universidade de São Paulo (USP) Victor Beccari, e os pesquisadores Felipe Lima Pinheiro, Ivan Nunes, Luiz Eduardo Anelli, Octávio Mateus, e Fabiana Rodrigues Costa.
Como explicou Beccari ao portal de notícias, o fóssil foi encontrado na região da Formação Crato, no Estado do Ceará. As investigações começaram em 2016, com a identificação de partes de tecidos moles — uma descoberta rara — e datação do esqueleto de 115 milhões de anos atrás.
"Foi uma sensação muito boa concluir o trabalho, porque teríamos perdido esse fóssil para um colecionador particular. A ciência ia perder esse material", comemorou o estudioso.
A partir da interceptação da Polícia, os pesquisadores puderam começar as pesquisas para descrever o fóssil, comparando-o ainda com outros que já haviam sido descobertos no país. Segundo o especialista, eles perceberam “algumas peculiaridades na anatomia dele”.
A própria crista do animal chamou a atenção dos paleontólogos, chegando a até 40 centímetros. Para comparação, o espécime brasileiro tinha apenas 1 metro de altura; de envergadura, eram 2,5 metros, sendo estes 1 metro da cabeça até a cauda.
A característica incomum era “mais ou menos como a cauda do pavão”, conforme Beccari, provavelmente servindo para chamar a atenção de seres da mesma espécie para o acasalamento. No entanto, ainda não foi possível determinar o sexo do espécime analisado no estudo, o que será feito na próxima etapa da pesquisa.
O fóssil atualmente está exposto no Museu de Geociência da Universidade de São Paulo, na Capital e ainda será comparado a outro espécime, da espécie catalogada Tupandactylus imperator, que possui uma crista menor. Para o estudioso, é possível que o tamanho da crista determine se o animal é macho ou fêmea. "Talvez com novos fósseis a gente consiga solucionar essa questão", concluiu.