Há 110 anos, Hiram Bingham III redescobria Machu Picchu, 'a cidade perdida dos incas'
Aventuras Na História
Em um vasto território, que ia da Colômbia à Argentina, o Império Inca reinou por quase um século na América do Sul. A cultura politeísta é estudada até hoje pelos historiadores, sendo um dos povos pré-colombianos de maior importância do passado.
O antropólogo Gordon McEwan descreveu o império como "um dos maiores Estados imperiais da história humana". Utilizando força e diplomacia, os incas contavam com extraordinários guerreiros, mas que não foram páreos para os colonizadores espanhóis.
Após a chegada Francisco Pizarro e sua tropa, a força bélica dos incas não foi suficiente. Em 1572, o último reduto foi conquistado pelos invasores. O que restou foram ruínas e artefatos de valor histórico imensurável.
Machu Picchu, a ‘cidade perdida’ dos incas integra a lista de locais que recebem mais turistas no mundo. A região, localizada no vale do rio Urubamba, Peru, a 2.792 metros de altitude, foi redescoberta e anunciada ao público há exatos 110 anos, em 24 de julho de 1911.
O responsável pela redescoberta foi Hiram Bingham III, um explorador americano que foi eternizado na História pelo feito memorável.
A redescoberta
Conforme repercutiu o Independent, em 2008, Bingham foi financiado pela National Geographic Society e alguns colegas da Universidade de Yale. A expedição foi a primeira a anunciar a existência do local ao público.
Apesar de a redescoberta ser grandiosa, o explorador estava se recuperando de uma missão frustrada que durou dois anos e não resultou em nada.
Após convencer os financiadores para realizar outra missão, Bingham dessa vez levou consigo uma vasta equipe: geólogo, naturalista, cirurgião, topógrafo, engenheiro e assistentes integravam o grupo.
Por alguns dias, Bingham explorou o Peru. Após enfrentar os obstáculos da selva, precisou da ajuda de um morador local para finalmente ter a dica crucial para encontrar a cidade.
Depois de pagar o peruano Melchior Arteaga, soube que o que procurava estava em cima da montanha. Sete horas de caminhada, o americano enfim se deparou com Machu Picchu no 12º dia de viagem. A cidade é o símbolo mais famoso dos incas, e foi construída a mando de Pachacuti, no século 15.
Grandiosa, a região está localizada no topo de uma montanha, sendo o lugar mais bem preservado da cultura pré-colombiana. A cidade estava escondida no final de uma ponte de troncos, além das corredeiras. Ela serviu de refúgio para o povo que tentava fugir dos irmãos Juan e Fernando Pizarro.
“Será que alguém acreditará no que eu encontrei aqui?”, escreveu Hiram em seu diário; o achado também lhe rendeu o livro ‘Lost City of the Incas’. Por muito tempo, Bingham tentou entender a razão de a cidade ter sido abandonada, algo que até hoje é incerto para os pesquisadores.
Controvérsias
Há um século, o explorador analisou o local e decidiu levar artefatos, esculturas de pedra e relíquias dos incas para serem analisadas pela Universidade de Yale. A escolha repercutiu por muitos anos, com as autoridades peruanas exigindo a repatriação dos objetos, dizendo que eles nunca foram dados aos EUA.
Além de saquear Machu Picchu, Bingham também foi considerado uma fraude. Segundo o Independent, há quem não dê crédito ao feito do americano, levando em consideração que ele precisou pagar para saber onde estava a cidade perdida.
Outros exploradores também reivindicaram a ‘descoberta’, um deles foi Thomas Payne, um inglês que morou no Peru por quase cinco décadas e alegou que não só encontrou Machu Picchu, como disse a Hiram onde estava.
Na década de 1870, Augusto Berns, um engenheiro alemão, supostamente teria registrado e saqueado a cidade sagrada dos incas. O fato teria sido arquivado pela Universidade de Yale, que descobriu que o governo peruano financiara o roubo.
São muitas as teorias sobre a redescoberta de Machu Picchu, mas nenhuma foi provada de fato. O que entrou para a História, entretanto, foi o nome de Hiram Bingham III, como o responsável oficial por expor a cidade perdida.