Investigação sem cadáver: O misterioso desaparecimento de JoAnn Romain
Aventuras Na História
O desenrolar da noite de 12 de janeiro de 2010 não poderia ter sido mais trágico para as irmãs Kellie e Michelle Romain. A história teve tantas pontas soltas que tornou-se um dos episódios do segundo volume da série documental Mistérios sem Solução, da Netflix.
Tudo começou quando, sozinhas em casa com seu irmão, Michael, as jovens escutaram alguém em sua porta. Quando foram atender, deram de cara com a polícia de Grosse Pointe Farms. Preocupados, os oficiais perguntavam onde estava a mãe das garotas.
Sabendo que JoAnn Matouk Romain havia saído apenas para ir até a igreja, as duas irmãs não ficaram tão alarmadas quanto os policiais e ligaram para o celular da mulher. Todas as múltiplas chamadas feitas pelas meninas, todavia, caíram na caixa postal.
Carro abandonado
Alguns minutos mais cedo, nos arredores da Igreja Católica de St. Paul, o policial Andrew Rogers notou um carro estacionado que chamou sua atenção. O culto daquela tarde já havia terminado e o veículo continuava estacionado, apesar da intensa neve.
Às 20h58, Andrew chegou a investigar o carro, mas não imaginou que precisaria tomar outras providências, então continuou sua rota. Cerca de uma hora mais tarde, contudo, o oficial Keith Columbo decidiu verificar o veículo mais uma vez.
Segundo os testemunhos dos agentes, já faziam 2h30min que o carro estava estacionado, mesmo após o fim das orações na igreja. Em seu depoimento, entretanto, Keith disse que outra coisa além do carro chamou sua atenção.
Longe dalí
Enquanto os oficiais não encontraram nada de suspeito no carro estacionado, Keith Columbo notou um rastro esquisito a pouco mais de 20 metros do local. Ele, então, decidiu investigar o caminho na neve, que levava até o Lago St. Clair.
Ainda em seu testemunho, o policial disse ter estranhado o fato de que nenhum rastro saía da água — o que indicava que quem entrou no lago não saiu. Foi então que, após identificar o carro como sendo de JoAnn Matouk, a polícia procurou pela mulher.
Não demorou até que os oficiais encontrassem o endereço dela e, então, abordassem as duas filhas de JoAnn na casa da família, na região metropolitana de Detroit, Estados Unidos. Desse momento em diante, as coisas começam a ficar muito mais confusas.
Escolhas e mistérios
Segundo as próprias filhas da mulher, elas não se sentiram alarmadas quando receberam a visita dos policiais. Ao invés de reportar o suposto desaparecimento da mãe, por exemplo, elas decidiram dirigir até a Igreja de St. Paul.
Chegando no endereço, todavia, as irmãs encontraram uma verdadeira cena de filme policial. A área estava isolada com faixas amarelas, viaturas cercavam o carro da mãe das jovens e um helicóptero podia ser escutado de longe, com um enorme holofote.
A operação em busca de JoAnn estava à todo vapor — só que ninguém da família dela chegou a, de fato, chamar a polícia. "Não havíamos relatado seu desaparecimento, ela não estava desaparecida para nós, então como tudo aquilo estava acontecendo?”, questionou Michelle Romain, mais tarde.
Longe de casa
Se o caso tivesse acabado por aí, o desaparecimento de JoAnn já seria o suficiente para criar o enredo de um filme de suspense. Mas um suposto suicídio, a teoria de um assassinato e a confusa investigação da polícia deixaram tudo ainda mais complexo.
Segundo Solomon Radner, o advogado da família de Michelle e Kellie, toda a atitude dos policiais foi questionável, a começar pelo achado da trilha na neve. Ainda mais considerando que, para JoAnn, aquele caminho até o lago parecia impossível.
“Eles veem um carro estacionado em uma igreja, sem pegadas indo do carro para a água, mas algo lhes dá o ímpeto de olhar a 20 metros de distância em um banco de neve perto do lago?”, questionou Solomon. “Chegar à essa conclusão em 5 minutos é absurdo.”
Mistério sem desfecho
Enquanto muitos acreditavam que JoAnn havia cometido suicídio — dirigindo até a igreja, andando pela neve de salto alto e caminhando por uma trilha sinuosa até o lago —, muitos enxergam o caso como um assassinato. “Este é um homicídio e precisa ser tratado como tal”, protestou o jornalista Scott Burnstein.
Para piorar, a polícia da região registrou todas as informações da investigação com horários errados entre às 21h e 22h daquele dia. Em muitos momentos, as informações oficias entravam em contradição com os depoimentos das próprias filhas da mulher.
Setenta dias depois do desaparecimento, o corpo de JoAnn foi encontrado na costa do Canadá. Suas roupas, no entanto, não estavam no estado que deveriam estar após mais de um mês à deriva e, para a surpresa de todos, ela morreu sem uma gota de água nos pulmões.
O que, então, realmente aconteceu naquele dia? Ainda é uma grande interrogação — tanto para a família, quanto para as pessoas que tomam conhecimento do caso diariamente.