Mais de 35 anos de mistério: Relembre o caso do desaparecimento de Marco Aurélio
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Nesta semana, o caso Marco Aurélio passou por uma nova reviravolta. Após 36 anos, o sumiço do escoteiro foi desarquivado e a polícia segue investigando duas novas linhas de raciocínio.
Na quinta-feira, 29, uma escavação em uma casa na área de Piquete, a Polícia Civil realizou uma operação em busca do corpo de Marco Aurélio. Apesar de seguirem a hipótese de que o menino teria sido morto e enterrado no local, a escavação não encontrou nenhuma evidência.
A outra teoria, é que o cadáver possa estar enterrado em um terreno baldio. A segunda escavação, ainda sem data para ocorrer, é mais complexa. Visto que o local é ao ar livre e bem mais amplo, o que dificultaria a identificação de algo incomum.
Ainda que seja menos provável, após tanto tempo, uma terceira linha de investigação sugere que o garoto esteja vivo, em situação de rua. A família frequentemente divulga imagens de como estaria o garoto depois de tantos anos.
Relatos de avistamentos do brasileiro foram registrados na cidade de Taubaté. Embora outros casos apontem que quanto mais tempo leva para encontrar uma pessoa desaparecida, mais chances existem de que ela esteja morta. A esperança continua em encontrar o escoteiro.
Enquanto todos esperam pelo fim dessa história, o caso permanece em aberto e o desaparecimento de Marco Aurélio continua sem solução.
Relembre o caso
Em 8 de junho de 1985, o escoteiro Marco Aurélio Simon desapareceu misteriosamente durante uma excursão ao Pico dos Marins, no município de Piquete, em São Paulo. O caso foi amplamente divulgado pela mídia e numa tentativa de encontrar o garoto, as autoridades montaram uma das maiores equipes de buscas do Brasil.
A partir do depoimento do líder dos escoteiros, Juan Bernabeu Céspedes, e dos colegas de equipe, Osvaldo Lobeiro, Ricardo Salvione e Ramatis Rohm, as autoridades montaram a versão oficial do inquérito. Na ocasião, o grupo se estabeleceu na base do Pico dos Marins, entretanto, ao escalar o pico, Osvaldo Lobeiro, teria se machucado.
Como Céspedes teve que supervisionar o ferimento no joelho do jovem escoteiro, ele permitiu que Marco Aurélio voltasse sozinho ao acampamento. Descendo o Pico dos Marins, o garoto deveria abrir caminho para os demais, marcando as pedras com o número 240 — símbolo de identificação do Grupo de Escoteiros Olivetanos.
Após 15 minutos que o grupo partiu, Marco Aurélio já não estava mais por perto. Durante o trajeto, os demais escoteiros teriam identificado apenas três marcações feitas pelo garoto. As marcas teriam os levado até uma bifurcação e Marco Aurélio teria escolhido seguir por um caminho repleto de obstáculos.
Tal fato não fez muito sentido para os escoteiros, pois, o lado esquerdo da bifurcação atrapalharia a passagem dos integrantes, visto que um dos membros estava machucado. Céspedes, que era o líder, decidiu ignorar o caminho escolhido pelo jovem e seguiu a direção oposta de Marco Aurélio, contrariando a opinião dos outros garotos.
Durante o depoimento na época, Céspedes disse que acreditava não haver problema em desviar a direção, pois mais à frente iriam cruzar os caminhos. No entanto, o que o líder dos escoteiros não esperava é que Marco Aurélio nunca mais seria visto.
Na manhã do dia seguinte, Céspedes decidiu procurar pelo garoto, mas como não o encontrou, optou por acionar as autoridades.
Investigações
Ao saber do ocorrido, Ivo Simon, pai do menino, mobilizou uma grande equipe de busca. Através de contatos influentes e da mídia, Simon reuniu o Quinto Bil, o Batalhão de Infantaria Leve de Lorena e o Centro de Operações Especiais (COE); ao total eram mais de 200 homens na caçada.
Além disso, foram utilizados nas buscas, seis alpinistas de Agulhas Negras, helicópteros da base área da Escola de Especialistas de Aeronáutica de Guaratinguetá e um avião enviado pelo ex-governador Franco Montoro.
No entanto, no terceiro dia de buscas, um incêndio tomou conta do Picos dos Marins, o que levou os delegados George Henry e Bayerlein acreditarem que o fogo teria sido proposital.
Mais tarde, Olindo Roberto Bonifácio que participou da reconstituição do caso como guia e voluntário, questionou o depoimento de Céspedes, que apresentava inconsistências. Além disso, o inquérito policial foi considerado inconfiável.
As investigações oficiais foram encerradas em 8 de abril de 1990 e o caso foi arquivado, até que em 10 de março de 2005, o jornalista investigativo Rodrigo Nunes, desarquivou o inquérito. Por meio de uma análise minuciosa, o jornalista identificou diversas inconsistências nos relatos dos escoteiros e de Céspedes.
A investigação completa foi apresentada em dois livros, sendo compilados em uma só obra, em 2015. Na reportagem, Rodrigo Nunes retrata, ainda, a investigação policial completa, revela fatos controversos e reúne diversas teorias e entrevistas de testemunhas da época.
Teorias e mais mistério
Ao longo dos anos diversas teorias surgiram, entre elas apresentadas por um delegado, que sugeriu um possível envolvimento de alienígenas no desaparecimento. Segundo o inquérito, na segunda noite de buscas, os escoteiros ouviram um grito seguido de um apito vindo do matagal, próximo ao local do desaparecimento.
Como Marco Aurélio possuía um apito por ser escoteiro, todos se dirigiram a localidade, no entanto, não encontraram o garoto, mas sim luzes brilhantes. Esta teoria é sustentada somente pelo grupo de escoteiros que presenciou o fato. Entretanto, Afonso Xavier, que também estava presente durante o ocorrido, disse que as luzes eram de casas da região.
Em 2011, Ivo Simon declarou que estava preparando um roteiro de cinema sobre o ocorrido, a partir de 400 páginas das investigações, com laudos assinados por policiais que participaram das buscas. Entretanto, mesmo após 36 anos do desaparecimento de Marco Aurélio, ainda hoje, o caso permanece um mistério.