Neuroembriologia: de onde começa a nossa história de vida
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O desenvolvimento do sistema nervoso começa a partir da ectoderme, que é um dos folhetos embrionários. A princípio se resume à placa neural que vai se replicar para o interior para formar a goteira neural, e se fechar completamente para formar o tubo neural. O sistema nervoso central (SNC) origina-se do tubo neural; o sistema nervoso periférico (SNP) e outros elementos originam-se da crista neural que, por sua vez, forma-se a partir de células que se desenvolvem de cada lado dos lábios da goteira neural. Progressivamente se formam as vesículas: telencéfalo, diencéfalo, mesencéfalo, metencéfalo e mielencéfalo.
À medida que o embrião cresce, o cérebro torna-se mais volumoso. Os giros e sulcos que o caracterizam dão-se pela neurogênese, quando ocorre a proliferação neuronal, em que a célula tronco do neurônio produz o neurônio promotor, o qual, por sua vez, produz o neurônio final, por meio de mitoses. O neurônio final é uma célula que não se divide mais, isto é, que uma vez formada não tem mais a capacidade de se dividir. Inicia-se então a migração permanente dos neurônios, que vai até o nascimento.
Outra fase da embriogênese é a mielinização. A mielina — camada lipoprotéica que envolve e protege a condução nervosa dos axônios dos neurônios —, tornando-a mais rápida e eficaz. As sinapses são outro evento fundamental ao desenvolvimento do cérebro. Elas iniciam quando os neurônios promotores começam a migrar para suas localizações.
A vesícula telencéfalo dá origem ao cérebro propriamente dito. Nesta fase surgem dois prolongamentos que crescem para fazer a comunicação entre o córtex cerebral e outras partes do sistema nervoso como a medula espinhal. O cerebelo, por sua vez, fica sob o cérebro e desempenha papel importante na coordenação motora e na articulação da palavra principalmente. Ele nasce a partir do metencéfalo. Nesta fase, as paredes laterais do tubo neural engrossam e formam duas massas distintas que, em seguida, se juntam para formar o cerebelo.
Toda parte caudal do tubo neural dá origem à medula espinhal. Esta receberá os prolongamentos neurais (axônios) que levam mensagens sensoriais até o cérebro. A parte cranial do tubo neural origina o encéfalo.
Desde muito cedo na vida fetal o cérebro, em termos de peso bruto, está mais próximo do seu estado adulto, do que qualquer outro órgão do corpo, exceto talvez o olho. No nascimento ele tem em média 25% do seu peso adulto. Aos seis meses quase 50%, aos dois anos e meio de 75%, aos cinco anos 90% e aos 10 anos ele tem 95%.
É na vida intrauterina que aparecem os primeiros movimentos neurais, ou seja, aqueles comandados pelo sistema nervoso que são mais ativos, rápidos, coordenados e amplos. Mesmo após o nascimento, o cérebro continua a se desenvolver, pelo menos até a adolescência e talvez até a idade adulta. A massa encefálica vai acelerando seu nível metabólico e intensifica-se a atividade mental.