No dia da morte de Henry, Jairinho pediu pela liberação do corpo sem perícia do IML, diz executivo
Aventuras Na História
Em 7 de março, o menino Henry Borel, de 4 anos, foi deixado pelo seu pai, Leniel, na casa da mãe do garoto, sua ex-esposa Monique. Por volta das 3h30 da madrugada, a criança foi levada às presas ao hospital por Monique e seu padrasto, o vereador Dr. Jairinho.
Três meses após a morte do menino, o vice-presidente de operações e relacionamento da Qualicorp e conselheiro do Instituto D’Or de Gestão e Saúde, Pablo Menezes, enviou por escrito seu depoimento para o Conselho de Ética da Câmara Municipal, na noite da última terça-feira, 8.
Menezes disse que recebeu ao menos três telefonemas de Jairinho durante aquela madrugada, pedindo para que o corpo do garoto fosse liberado sem passar por uma perícia no Instituto Médico Legal (IML). O executivo recebeu duas mensagens, às 4h57 e 6h56, antes de atender uma ligação à 7h17, segundo relata o UOL.
"Amigo, assim que puder me liga", escreveu o vereador no primeiro horário citado. Duas horas depois, ele continuou: "Preciso de um favor aqui no Barra D'Or". Nesse meio tempo, por volta das 5h42, a equipe médica constatou a morte de Henry, que tinha lesões e hematomas no corpo.
Ao Conselho de Ética, Menezes revela, por meio do documento, que Jairinho mostrava tranquilidade quando os dois se falaram por telefone, às 7h17. "Aconteceu uma tragédia", relatou o parlamentar, sem demonstrar qualquer emoção.
Como aponta o UOL, o vereador havia contato sobre a morte de Henry e pediu para Pablo ajudá-lo a conseguir o atestado de óbito do garoto, sem que seu corpo fosse periciado. "Agiliza ou eu agilizo o [atestado de] óbito. E a gente vira essa página."
Depois de ligar para o centro médico para entender o que estava acontecendo, Menezes foi informado que o menino havia chegado no local com um quadro de parada cardiorrespiratória e vários hematomas no corpo. Enquanto isso, Leniel queria que o corpo de seu filho passasse pelo IML.
Em contrapartida, Jairinho insistiu para que isso não acontecesse, segundo explicita em mensagens. "Vê se alguém dá o atestado pra gente levar o corpinho! Virar essa página”.
Foi então que Menezes respondeu o parlamentar, explicando tudo o que aconteceu. "Tem certeza que não tem mesmo nenhum jeito?”, insistiu Jairinho mais uma vez, agora por chamada de telefone. Ao ouvir a negativa do executivo, ele relatou que aquilo seira um pedido de Monique: “Amigo, a mãe que pediu”.
No documento, Pablo Menezes diz que se sentiu desconfortável com a insistência e com o comportamento do vereador. "Eu não atenderia qualquer pedido ilegal e tinha a certeza de que os profissionais do hospital também não atenderiam", narrou ele.