Passado esquecido: O triste caso de Gigi, desvendado após a série Mistérios sem Solução
Aventuras Na História
Existem algumas histórias que, caso não sejam contadas pelos seus protagonistas, parecem basicamente inacreditáveis. Principalmente se o interlocutor da narrativa sofre de amnésia e, além de episódios específicos, não se lembra de nada sobre sua trajetória.
Esse é o caso de Gigi, que foi encontrada vagando sozinha por um parque de Nova Orleans, em 18 de fevereiro de 1995. Sem saber o próprio nome, ela ela se apresentou através de um papel que encontrou consigo, onde lia-se "Lista de maquiagem de Gigi".
Além da nota, Gigi também carregava uma carteira vazia, dezenas de maquaigens (como batons e paletas de sombras), quatro pares de tesouras e um conjunto de talheres banhados a ouro. Ainda que estivesse com as mãos cheias, ela não sabia nada sobre si.
Pistas ao vento
Logo que foi encontrada no parque, a mulher sem uma identidade clara foi levada até as autoridades da região. Uma vez em segurança, Gigi passou por diversas sessões de hipnose, por testes neurológicos e inúmeras tomografias e ressonâncias.
Gigi ficou sob os cuidados do Charity Hospital por alguns meses. Durante todo o período, após diversas terapias intensivas, a mulher apenas se lembrou de que "gosta de heavy metal" e que odiava Coca-Cola; nada mais.
Foi então que a produção da série documental Mistérios sem Solução, na versão antiga do programa, ficou sabendo sobre o caso de Gigi. A fim de descobrir a verdadeira identidade da mulher, a história da jovem com amnésia foi transmitido para os quatro cantos dos Estados Unidos.
Mistério solucionado
Poucos dias depois da aparição de Gigi na televisão, a Associated Press foi ao encontro da mulher. Em um artigo publicado pela agência, a jovem parecia desolada. "Estou me sentindo sozinha. Sem apoio, sem família, sem amigos", disse.
Por sorte, o caso fez tanto sucesso que o nome de Gigi espalhou-se pelo país com facilidade e diversas pessoas reconheceram a mulher. Foi assim que uma ex-colega da jovem disse que seu nome, na verdade, era Belinda Lynn.
Diagnosticada com esquizofrenia desde que tinha 18 anos, a mulher havia desaparecido em fevereiro daquele ano. Quando foi encontrada no parque, Belinda tinha 31 anos e trabalhava como secretária médica em Wilmington, Delaware.
Uma mulher abandonada
Foram um total de dois meses no Charity Hospital e mais quatro meses de internação na clínica psiquiátrica do Southeast Louisiana Hospital até que Gigi descobrisse a verdade sobre si mesma. Mas aquele estava longe de ser o fim de sua história.
Filha de um ministro presbiteriano, ela não conseguiu voltar para casa, nem mesmo quando foi identificada pelas autoridades. Isso porque os pais da mulher, Stanley e Carolyn Lynn, sequer pareciam se interessar pela volta da filha desaparecida.
Em entrevista ao Times-Picayune, o pai de Belinda foi categórico: “Não vou gastar dinheiro para ir [a Nova Orleans] se ela não se lembrar de nós. Ela é maior de idade e não sei se quero trazê-la para casa quando há tantos problemas emocionais”.
Identidade assumida
Mais tarde, descobriu-se que, mesmo tendo percebido o desaparecimento de Belinda em fevereiro de 1995, os Lynn decidiram não notificar as autoridades. Morando em Edinboro, Pensilvânia, eles deixaram claro que não queriam a filha de volta.
Em agosto do mesmo ano, mesmo que soubesse seu nome, idade e ocupação, Belinda ainda não se lembrava de nada sobre sua antiga vida. Assim, ela nunca conseguiu retomar a rotina que deixou para trás quando foi até o parque em Nova Orleans.
Para os especialistas, a amnésia da jovem continuava um mistério, já que a esquizofrenia não explicava o quadro. Nesse sentido, eles acreditavam que ela teria passado por algo tão terrível e traumático que sua memória simplesmente decidiu se desligar.
O destino da jovem, portanto, passou a ser absolutamente incerto. Quando lhe perguntaram se ela queria ser chamada de Belinda, no entanto, a mulher não teve dúvidas. “De jeito nenhum”, respondeu. “Meu nome é Gigi."