Quando as pistolas douradas de Dom Pedro I desapareceram por 36 anos
Aventuras Na História
No ano de 2009, a Polícia Judiciária de Portugal descobriu um par de itens históricos únicos que foram roubados mais de três décadas antes.
Tratava-se de pistolas que haviam pertencido ao primeiro imperador do Brasil, Dom Pedro I.
De acordo com a BBC em matéria da época, elas foram feitas em 1817 por um mestre de armas chamado Thomaz Jozé de Freitas. Ele trabalhou no Arsenal Real de Lisboa, onde fazia equipamentos exclusivos para o imperador.
O local onde os valiosos artefatos foram encontrados surpreendeu, afinal, era uma famosa casa de leilões portuguesa, chamada de Palácio do Correio Velho.
Os objetos furtados fariam parte de um dos lotes mais caros da noite: o lance mínimo para levar as armas para casa era 100 mil euros, o equivalente a 260 mil reais.
E não foi à toa: além de terem pertencido a um imperador, elas são folheadas a ouro, e trazem ainda belos e intrincados ornamentos, além de possuírem um modelo clássico.
Segundo repercutido pelo G1 na época, o estabelecimento não informou a identidade do vendedor. Antes dos itens serem afanados no ano de 1973, eles estiveram em exposição no célebre Museu Militar de Lisboa.
Até as pistolas de Dom Pedro I voltarem para Portugal, todavia, elas fizeram uma viagem curiosa.
A saga das pistolas
Segundo foi registrado pelo boletim policial da época, o ladrão dos objetos realizou o ato durante uma noite em que se escondeu atrás de um grande relógio que havia dentro do Museu, esperou o local fechar, e então afanou os itens mais próximos de seu esconderijo.
No dia seguinte, esperou o momento apropriado e saiu dali como se nada tivesse acontecido.
Embora o criminoso tenha sido capturado quatro anos após seu crime infame — e condenado a cinco anos de prisão —, já não tinha os artefatos em sua posse. Conforme confessou à polícia, eles haviam sido vendidos para um colecionador alemão.
Esse foi o início de uma saga de décadas. Antes de ir parar no leilão português, as armas passaram por outro, conhecido como “Christie's” e que ficava localizado em Londres. O vendedor, nesse caso, era um homem alemão.
Embora as autoridades de Portugal tenham tentado reaver os itens nessa ocasião, que ocorreu no ano de 1991, o sujeito afirmou que os objetos eram uma herança de família. A Justiça da Alemanha, por sua vez, decidiu que o par de objetos havia sido adquirido através de métodos legais, de forma que não ocorrera nenhuma infração.
Foi apenas mais tarde que as armas históricas passaram às mãos de um colecionador português. Desta vez, quando foram colocadas à venda em um segundo leilão, a polícia de Portugal teve jurisdição para intervir.
Após a recuperação das armas personalizadas de Dom Pedro I em 2009, não foi disponibilizada a informação do destino dado aos objetos.