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Revolta das máquinas em seu ápice: A inusitada Síndrome de Frankenstein
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Revolta das máquinas em seu ápice: A inusitada Síndrome de Frankenstein

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Aventuras Na História
16/06/2021 23h00
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Desde que foi criado por Mary Shelley em meados de 1818, o icônico personagem Frankenstein já foi interpretado por diversos atores. Através dos anos, dezenas de longa-metragens e animações foram criados com base no clássico romance.

O que pouca gente sabe, todavia, é que a história protagonizada pela curiosa invenção do médico Vitor Frankenstein também serviu de inspiração para o nome de uma complexa condição psicológica. É isso que explica o neurocientista Fabiano de Abreu, com exclusividade ao site da Aventuras na História.

Chamado de Síndrome de Frankenstein, o inusitado transtorno foi citado pela primeira vez na obra de Bernard E. Rollin, “The Frankenstein Syndrome: Ethical and Social Issues in the Genetic Engineering  of Animals”, em 1995.

Mary Shelley (1797-1851) / Crédito: Creative Commons/ Wikimedia Commons

 

Tecnologia moderna

Segundo Fabiano, a instigante Síndrome de Frankenstein “nada mais é do que o nosso sistema límbico respondendo ao nosso córtex pré-frontal num alerta de que nossa vida pode correr riscos”. Nesse caso, o medo tem relação com avanços tecnológicos.

Muito mais do que apenas temer pela própria vida, a síndrome é diagnosticada em pessoas que têm “medo de que uma criação feita por um ser humano se volte contra seu criador e destrua a humanidade”, assim como no romance de Mary Shelley.

“No final do livro, o monstro diz a Victor Frankenstein: ‘Você é meu criador, mas eu sou seu mestre’. O monstro se vira contra o médico e o destrói”, lembra Fabiano. “Ele é feito de partes do corpo humano, nascido anormalmente contra sua vontade, e forçado a viver em um mundo que o rejeita. É daí que vem a Síndrome de Frankenstein.”

Receio do que é novo

Acontece que, no caso de pacientes diagnosticados com o transtorno, o medo vai muito além de monstros como Frankenstein. Nesses casos, até mesmo a inteligência artificial pode ser um gatilho, já que representa uma grande evolução tecnológica.

“O novo gera rejeição, faz parte da natureza humana, é instintivo. Está relacionado ao cuidado para a sobrevivência”, explica o neuropsicólogo. “E é isso que o nosso código genético determina, biologicamente precisamos nos manter na terra, sobreviver.”

“A clonagem é um bom exemplo de medo e um dos pontos de partida para a Síndrome de Frankenstein”, pontua Fabiano. “A primeira experiência de clonagem de embriões humanos provocou uma rejeição por parte de autoridades políticas e religiosas em todo o mundo e resultou em debates éticos que perduram até aos dias de hoje.”

Cena do filme Frankenstein (1931) / Crédito: Divulgação / Universal Pictures

 

Alterações no comportamento

O problema é que, ao invés de apenas temer a tão falada revolta das máquinas, amplamente explorada pelo universo cinematográfico e pelas narrativas de ficção científica, as pessoas que sofrem com a Síndrome de Frankenstein também têm mudanças de comportamento significativas após desenvolverem o transtorno.

Segundo Fabiano, apenas o exercício de imaginar a possibilidade de máquinas tomando o controle já desencadeia “disfunções significativas em nossos neurotransmissores que aumentam a ansiedade e acarretam em outros problemas”.

Dessa forma, “pessoas com essa síndrome sentem-se vítimas de preconceito, rejeição, intolerância e, por isso, assumem um papel de ‘monstros’, podendo perder o controle por diversas vezes”. Muitos dos pacientes, segundo Fabiano, “acreditam que o problema está no outro mesmo sendo possível que seja apenas uma realidade abstrata”.

Cena do filme Frankenstein / Crédito: Getty Images

 

Novo estilo de vida

Logo depois das mudanças comportamentais, casos mais graves da Síndrome de Frankenstein ainda podem desencadear uma maior tendência ao vício. Com isso, muitos pacientes “optam por um estilo de vida diferente da maioria das pessoas”.

Por esses motivos, além da agressividade, outro sintoma comum em pacientes com o transtorno é um quadro de extrema sensibilidade. “Dificilmente alguém vai convencer o paciente de que ele não têm razão. Por isso melhor não debater”, alertou Fabiano.

“As principais causas da síndrome são o medo de que as descobertas da ciência se voltem contra a espécie humana e a danifiquem ou até a destruam”, pontuou o neurocientista, por fim. “É, em última análise, o medo patológico das criações humanas.”

Em tempos modernos, então, o medo gerado pela Síndrome de Frankenstein pode ser traduzido pelo receio com relação à “vacinas, telefones celulares, eletricidade, ondas eletromagnéticas, usinas nucleares e até mesmo de governantes”.


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