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Sapatos da moda absurdamente pontudos levaram a uma onda de joanete na idade média
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Sapatos da moda absurdamente pontudos levaram a uma onda de joanete na idade média

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Aventuras Na História
20/06/2021 11h00
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Você já reparou no quão pontudos eram os sapatos medievais? Um estudo realizado por uma equipe de pesquisadores de Cambridge indicou que essa moda tão diferente levou a um enorme aumento dos casos de Joanete na Grã-Bretanha, tanto que o rei Eduardo IV se viu na necessidade de limitar o tamanho da ponta dos calçados.

Foi a partir de esqueletos que os especialistas, perceberam a grande incidência da deformidade, principalmente entre os cidadãos e clérigos mais ricos da sociedade.

Um outro grupo de pesquisadores, da Universidade de Cambridge, ainda notou que as pessoas da época mais velhas com hálux valgo, como é chamado o problema, tinham maior propensão a ter um osso quebrado em razão de uma queda se comparado às com pés normais.

O estudo foi apresentado na revista International Journal of Paleopathology no último dia 11.

A mudança da moda dos sapatos

Os arqueólogos analisaram 177 esqueletos que estavam sepultados em cemitérios da região de Cambridge e arredores. Eles descobriram que somente 6% dos datados do período entre os séculos 11 e 13 tinham evidências de joanete.

Contudo, analisando os restos mortais de pessoas que viveram entre os dois séculos seguintes, 14 e 15, esse número salta para 27%.

Isso pode ser explicado quando levamos em consideração as mudanças que sofreram os sapatos no período. De acordo com os especialistas, os calçados, que antes tinham um formato arredondado, tornaram-se tão pontudos que passaram a prejudicar a saúde dos indivíduos que os utilizavam.

Contudo, os modelos diferenciados, que deveriam ser itens caros, eram utilizados apenas por ricos e clérigos, indicando status social.

“O século 14 trouxe uma abundância de novos estilos de roupas e calçados em uma ampla gama de tecidos e cores. Entre essas tendências da moda estavam os sapatos de bico longo chamados poulaines”, explicou o coautor do estudo Piers Mitchell, do Departamento de Arqueologia de Cambridge, no texto publicado.

Ossos escavados em Cambridge com joanete / Crédito: Divulgação/Jenna Dittmar

 

Os calçados e o status social

Conforme informaram os pesquisadores, os esqueletos analisados vieram de quatro locais diferentes: um hospital de caridade, um convento agostiniano, um cemitério paroquial e um cemitério rural que ficava próximo a uma vila localizada 6 quilômetros ao sul de Cambridge.

Eles perceberam que apenas 3% dos indivíduos retirados do cemitério rural apresentavam sinais de deformidade nos pés. No cemitério paroquial, que concentrava restos mortais de trabalhadores pobres, eram 10%. Já no caso dos sepultados no terreno do hospital eram 23%.

Rei Edward IV em pintura de autor desconhecido / Crédito: Domínio público/Anglo-Flemish School

 

Agora, a grande surpresa se dá quando paramos para analisar os esqueletos do convento: cerca de 43% deles tinham joanete. Entre eles, havia 5 clérigos, o que pôde-se notar por meio das fivelas de seus cintos.

O rei tem de intervir

A moda dos sapatos ficou tão exagerada e causou tantos casos de deformidades e fraturas nos pés dos britânicos que, no ano de 1463, o rei Eduardo IV limitou o comprimento da ponta dos sapatos. A partir de então, ela não poderia ultrapassar cinco centímetros.

Conforme afirmou a co-autora Jenna Dittmar, “a pesquisa clínica moderna em pacientes com hálux valgo mostrou que a deformidade torna mais difícil o equilíbrio e aumenta o risco de quedas em pessoas idosas. Isso explicaria o maior número de ossos quebrados curados que encontramos em esqueletos medievais com essa condição.”

Confira o estudo completo aqui.


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