Tom Hanks, o ator que te fez chorar por uma bola
Aventuras Na História
Contracenar boa parte de um filme com um objeto inanimado, transformá-lo em um personagem vívido, cativante e merecedor de nossa afeição e simpatia, não é para qualquer um, mas sim para Tom Hanks. E se você não sabe do que estou falando, assista ao filme O Náufrago.
Dirigido por Robert Zemeckis, o longa contou com duas indicações ao Oscar e rendeu ao Tom o Globo de Ouro (2001) - na categoria melhor ator. Produzido em 2000, Náufrago apresenta a história de Chuck Noland, empregado da empresa americana de entregas FedEx, que após sofrer um acidente aéreo precisa aprender a sobreviver sozinho em uma ilha no Pacifico Sul.
Na maior parte do filme Hanks está com Wilson, seu melhor amigo, a bola de vôlei que vai te fazer chorar, e muito. Sem spoilers, estou falando do fruto do trabalho de Hanks, que consegue expor as fragilidades e virtudes de seus personagens a ponto de nos tornarmos íntimos de sua jornada.
Divisor de águas
Se você, assim como eu, assistiu ao clássico da sessão da tarde, Quero ser grande de 1988, certamente também quis pular no teclado gigante e tirar sua sorte na Zoltar para bancar de adulto por aí por alguns dias.
Não que hoje a gente não quisesse uma máquina reversa, mas na época parecia uma ótima ideia. O filme de Penny Marshall, inclusive foi a primeira indicação de Tom ao Oscar, mas ele perdeu para a atuação de Dustin Hoffman em Rain Man.
Já o ano de 1993 foi um divisor de águas. Ao lado de Denzel Washington, ele interpretou o advogado Andrew Beckett, demitido de uma grande empresa por ser homossexual e portador do vírus do HIV, no longa de Jonathan Demme, Filadélfia. Hanks deu voz a uma parcela até então marginalizada pela sociedade.
O papel rendeu a ele o Oscar de melhor ator e no ano seguinte veio o repeteco com um de seus personagens mais marcantes, o homem que mantinha seu olhar do mundo na medida exata para ser feliz, nem mais nem menos. Com uma ingenuidade anestésica combinada à bondade implacável, o contador de histórias poderia ser meu amigo de tão convincente à realidade.
Corra, Forrest!
Estou falando de Forrest Gump, filme considerado um clássico por seu roteiro original, atuações, trilha sonora e a forma como parte da história americana é apresentada por meio dos fatos da vida do personagem. Alias, história é uma grande paixão do ator, tendo sido sua escolha de estudo quando jovem e agora é primeira opção de leitura, filmes e documentários.
Nascido na California em 9 de julho de 1956, o cineasta e também historiador leigo, como ele mesmo se considera, tem em seu currículo projetos premiados em parceria com Steven Spielberg, fã assumido do ator. As séries Band of Brothers e The Pacific, ambas com roteiros de guerra e disponíveis em plataformas streaming, ganharam o Emmy.
E falando em batalhas, quem não se lembra de sua interpretação em Resgate do Soldado Ryan de 1998? O longa tem direção do brilhante Steven Spielberg, assim como outros projetos como Prenda-me se for capaz de 2002 com Leonardo de Caprio, O Terminal 2004, Ponte de Espiões 2015 e The Post: a guerra secreta 2017 em que contracena com Meryl Streep.
De sorriso fácil e incontáveis boas ações, dentro e fora dos sets, Hanks é conhecido como o que há de melhor em Hollywood. Desde encontrar uma identidade de uma estudante e publicar o documento no Twitter para devolvê-la, enviar bilhetes e presentes para garotos que sofrem bullying, escoltar noivas ao altar, até doar seu plasma para pesquisas de vacinas para Covid-19, o ator tem uma excelente reputação.
No entanto, há quem diga que sua infância conturbada deixou muitos enigmas que o ajudam a construir a complexidade perfeita para a interpretação de seus personagens.
O que é, eu não sei. Mas alguém que consegue personificar o carismático Woody na saga Toy Story e incorporar um imigrante de um país fictício, que ao sofrer um golpe de estado fica preso em um aeroporto, certamente deve ser celebrado todos os dias.
Sobre o cineasta
O cineasta brasileiro Daniel Bydlowski é membro do Directors Guild of America e artista de realidade virtual. Faz parte do júri de festivais internacionais de cinema e pesquisa temas relacionados às novas tecnologias de mídia, como a realidade virtual e o future do cinema. Daniel também tenta conscientizar as pessoas com questões sociais ligadas à saúde, educação e bullying nas escolas. É mestre pela University of Southern California (USC), considerada a melhor faculdade de cinema dos Estados Unidos. Atualmente, cursa doutorado na University of California, em Santa Barbara, nos Estados Unidos. Recentemente, seu filme Bullies foi premiado em NewPort Beach como melhor curta infantil, no Comic-Con recebeu 2 prêmios: melhor filme fantasia e prêmio especial do júri. O Ticket for Success, também do cineasta, foi selecionado no Animamundi e ganhou de melhor curta internacional pelo Moondance International Film Festival.