Tsimane, o povo indígena cujos cérebros envelhecem lentamente
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No ano de 2017, um estudo publicado na revista científica The Lancet concluiu que pessoas indígenas pertencentes ao povo Tsimane, as quais habitam o norte da Bolívia, possuíam os corações mais saudáveis do mundo.
Agora, uma nova pesquisa, liderada por cientistas da Universidade do Sul da Califórnia e publicada no jornal científico Journal of Gerontology no dia 26 de maio, mostrou que o cérebro deles envelhece muito mais lentamente se comparado aos dos povos europeus e norte-americanos.
Analisando tomografias
Os especialistas avaliaram tomografias do cérebro de 746 adultos tsimane que tinham entre 40 e 94 anos. Como viviam em vilarejos afastados na Amazônia, os participantes tiveram de ser levados à cidade de Trinidad, na Bolívia, em uma longa viagem que pode durar até dois dias inteiros em trajetos de rio ou estrada.
Assim que realizaram os exames, os cientistas passaram a calcular o volume de cada cérebro e, em seguida, fizeram uma relação com suas idades. O próximo passo foi comparar os resultados com os dados de três populações industrializadas nos Estados Unidos e na Europa.
Resultados
A conclusão apresentada após uma série de análises é a de que os tsimane sofrem uma diminuição do volume cerebral 70% mais lenta do que o comum com o avanço da idade. A pesquisa ressalta a importância de esses dados, uma vez que a atrofia cerebral está relacionada ao risco de demência.
Hábitos saudáveis
Segundo os pesquisadores, algo que deve-se levar em consideração é que os tsimane possuem um estilo de vida muito saudável, alimentando-se do que eles próprios plantam e caçam, o que resulta em uma dieta rica em fibras, repleta de vegetais e carnes magras. Além disso, possuem hábito de praticar atividades físicas.
Já as pessoas que vivem na Europa e na América do Norte, destacam, apesar de ter maior acesso a remédios modernos, possuem hábitos sedentários e alimentação com grande quantidade de gorduras saturadas.
"Nosso estilo de vida sedentário e dieta rica em açúcares e gorduras podem estar acelerando a perda de tecido cerebral com a idade e nos tornando mais vulneráveis a doenças como Alzheimer", declarou Hillard Kaplan, um dos autores do estudo, em comunicado.
Altos níveis de inflamação
Com as análises, a equipe notou que os tsimane apresentavam níveis bem altos de inflamação.
Entretanto, os profissionais asseguram que, no caso do povo indígena, esse processo não tem efeito de acelerar a diminuição cerebral e seria causado por infecções respiratórias, gastrointestinais ou parasitárias. Já no caso dos europeus e norte-americanos as inflamações estariam associadas à obesidade e a causas metabólicas.
"As descobertas sugerem amplas oportunidades para intervenções para melhorar a saúde do cérebro, mesmo em populações com altos níveis de inflamação", considerou Kaplan.