Vida comum após a queda: A curiosa saga do último imperador da China
Aventuras Na História
O primeiro imperador da China governou entre 221 a.C. a 210 a.C., durante a dinastia Qin. Foi Qin Shihuang foi responsável por unificar a China, que se tornou o território que conhecemos hoje, um vasto país com inúmeras etnias.
Como relembra a BBC, a unificação é, de fato, a maior conquista do imperador, mas ele também fez muito mais. A Grande Muralha da China foi seu legado, assim como os impressionantes guerreiros do Exército de Terracota.
Sistemas únicos, que padronizaram um enorme território em um império controlado por suas próprias mãos, também foram desenvolvidos. Dinheiro, pesos e medidas, escrita, entre outras coisas, foram unificadas.
O período estabelecido por Qin Shihuang foi tão impressionante que perdurou por cerca de 2 mil anos. O último imperador da China liderou até 13 de fevereiro de 1912, data que marca o fim da dinastia Qing, a última a governar a China Imperial.
A última dinastia do Império Chinês
A dinastia Qing foi importante em muitos aspectos, mas ela é lembrada principalmente por, durante o seu ápice, que aconteceu entre 1661 e 1791, ter elevado a China em questões militares, econômicas e sociais.
A revista Galileu aponta que, em 130 anos, a dinastia tornou a China o maior e mais populoso império do mundo, ao chegar a 430 milhões de habitantes e ao obter conquistas territoriais que triplicaram seu território. Outro avanço foi em relação à identidade cultural do país, com o desenvolvimento da maior coleção de livros sobre a história chinesa.
Mas essa prosperidade esteve viva em apenas 130 anos da história da dinastia Qing. Depois disso, o país vive o 'século de humilhação', entre 1839 a 1912, período em que a China sofreu na mão do imperialismo, pressionada principalmente pela Inglaterra.
A chegada dos ocidentais no país abalou totalmente as estruturas da sociedade chinesa, que persistiam por 2 mil anos. Embora tentassem adiar o fim, os imperadores estavam prestes a ter sua coroa retirada.
O último imperador chinês
Foi no dia 13 de fevereiro de 1912 que o último imperador foi forçado a abdicar do trono do Império Chinês. Pu Yi tinha apenas seis anos quando abandonou o importante cargo, que assumiu aos três anos, após a morte da imperatriz da China, sua tia-avó.
O jovem imperador foi obrigado a renunciar por pressão do presidente do conselho do governo imperial, Yuan Shih-kai. Desde 10 de outubro do ano anterior, o país via-se envolvido pela Revolução Xinhai, um conflito estabelecido contra a dinastia Qing e seu reinado.
O resultado da revolução foi a criação e a determinação da República Chinesa. Mas, antes disso, o império continuou coexistindo com o período republicado do revolucionário Sun Yat-sen. O fim da China Imperial e o estabelecimento da república aconteceram a partir da renúncia de Pu Yi, que marcou também a extinção da dinastia Qing.
Como relembrou a revista Piauí, o último imperador não deixou o palácio em que cresceu logo após a renúncia. Ele teria permanecido na Cidade Proibida até completar 18 anos, quando foi expulso por um novo golpe realizado no país.
Depois disso, já na década de 1930, Pu Yi se tornou imperador fantoche de Manchukuo, quando foi usado pelos japoneses para “comandar” um novo país dentro da China. Na verdade, ele era apenas um chefe decorativo, subserviente ao Japão.
Com a derrota japonesa na guerra em 1945, o último imperador chinês e seu irmão, Pu Jie, foram presos pelos soviéticos e depois pela China Comunista. Apenas em 1959, aos 53 anos, conseguiu se livrar das prisões.
No entanto, depois de uma trajetória movimentada e complexa, Pu Yi conseguiu viver um período de tranquilidade, até morrer em 1967, aos 61 anos, devido a um câncer.
Em sua biografia, "De Imperador a Cidadão", ele escreveu: "No dia 1º de maio eu e minha noiva, Li Shuxian, fomos morar em nossa casinha, e esse lar comum foi para mim uma coisa extraordinária".
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