Anita Malavasi: a mulher italiana que peitou Hitler e Mussolini

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Entre 1939 e 1945, o mundo foi abalado pelos horrores da Segunda Guerra Mundial. De um lado, estava o Eixo, uma coalizão entre Alemanha, Itália e Japão, que propagou o domínio nazista pela Europa; enquanto do outro estavam os Aliados (Estados Unidos, França, Inglaterra e URSS), que buscavam parar o fascismo, cujos principais expoentes eram o führer Adolf Hitler e o italiano Benito Mussolini.
Embora muitos associem a Itália objetivamente a um "vilão" na guerra, visto a aliança que fez com a Alemanha, internamente o país enfrentava uma série de questões controversas sobre o conflito.
Tanto que foi nesse contexto que se formou a chamada Resistência Antifascista, composta por desertores dos exércitos de Hitler e Mussolini que se organizaram para lutar pela liberdade.

E quem pensa que essa força era composta somente por homens, se engana: uma mulher fundamental para o grupo foi a italiana Anita Malavasi.
Anita Malavasi
Em 1943, dois anos antes do fim da guerra, Mussolini já havia sido destituído do poder, mas a Itália seguia sob controle alemão no conflito, de forma que os nazistas matavam ou deportavam qualquer dissidente que encontrassem. Ainda assim, nessa época, Anita Malavasi, então com 22 anos, se mobilizou para transportar sal clandestinamente pelos postos de controle alemães com sua bicicleta, em direção às montanhas próximas à cidade de Reggio Emilia, no norte da Itália.
Sua intenção com a entrega era abastecer um grupo crescente de soldados da Resistência que se formava por ali, mas que ainda carecia de alimentos básicos. Assim, para passar despercebida pelos alemães, e poder auxiliar os soldados que lutavam pela liberdade, ela transportava sal clandestinamente por postos de controle alemães com sua bicicleta, além de roupas e outros alimentos.
Entre as estratégias que usava para despistar os nazistas, ela usava vestidos decotados e justos, e até mesmo flertava com alguns oficiais do Eixo. Conforme se estabeleceu melhor como "transportadora" da Resistência, passou inclusive a contrabandear armas, prendendo-as ao seu corpo, por baixo das roupas.
Conforme repercute a Revista Smithsonian, um episódio bastante marcante de sua história é quando ela passou de bicicleta por um posto de controle, carregando consigo apenas duas sacolas penduradas no guidão. Com o detalhe de que elas continham bombas escondidas.

Objetivo maior
Apesar de o movimento de Malavasi indiscutivelmente ter favorecido a Resistência Italiana, ela mesma disse posteriormente que fez o que fez apenas por "princípios humanitários".
"Como mulher, você salvou o filho de outra mulher", disse ela, conforme descrito no livro 'Mulheres de Guerra: As Assassinas, Espiãs e Mensageiras Italianas que Lutaram contra os Nazistas', da historiadora Suzanne Cope.
Porém, como mensageira clandestina, Malavasi viu seus esforços como "algo consciente" e parte de um objetivo maior: libertar a Itália das garras do fascismo.
E ela não foi a única: no livro também são descritas as histórias de Bianca Guidetti Serra, que entregou jornais a antifascistas nos Alpes; Carla Capponi, que bombardeou diversos veículos alemães em frete à ópera de Roma; e Teresa Mattei, que entregou mensagens secretas para a Resistência e, mais tarde, inclusive escreveu a Constituição da Itália.
Por mais que essas mulheres tenham sido essenciais para a Resistência na Itália, elas também encontraram novas fronteiras de liberdade pessoal, com responsabilidades que as expuseram a possibilidades de igualdade de gênero que, até então, não haviam conhecido.
"Eu não queria ouvir meus irmãos ou meu pai me dizendo o que fazer", disse Malavasi após a guerra. Enquanto o povo italiano se livrou do fascismo, ela também conseguiu se libertar das convenções, e "não pretendia reconstruí-las".


