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As influências mesoamericanas em Namor, de 'Pantera Negra: Wakanda Forever'
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As influências mesoamericanas em Namor, de 'Pantera Negra: Wakanda Forever'

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Aventuras Na História
13/11/2022 16h00
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©Reprodução/Vídeo/YouTube/Marvel
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'Pantera Negra: Wakanda Forever' é a mais nova aposta do Universo Cinematográfico Marvel — mais conhecido pela sigla em inglês 'MCU' — para os cinemas mundiais, e vem para fechar a chamada 'Fase 4 da Marvel' nas telonas. Na trailer da produção, ainda paira um certo mistério ainda sobre quem deve assumir o manto do Pantera Negra, visto que o ator que dava vida ao personagem antes, Chadwick Boseman, faleceu em decorrência de um câncer em 2020.

No entanto, um outro personagem que já se tem confirmado na história, cumprindo o papel do antagonista da narrativa, é Namor, o Príncipe Submarino. Mesmo não sendo tão conhecido hoje em dia quanto personagens como Thor, Hulk e Homem de Ferro, Namor, na verdade, é uma das primeiras criações da editora de quadrinhos, estreando em 1939.

De acordo com a sinopse da sequência de 'Pantera Negra', de 2018, Wakanda, o país localizado no continente africano ao qual o herói pertence, deve ser atacada por outras potências mundiais, após a morte do rei T'Challa, e precisa se defender a qualquer custo. Confira a seguir o trailer:

Quando se fala da ameaça sofrida por Wakanda, é aí que a temida figura de Namor surge, e preocupa a todos, visto que aqueles que se interessam e buscam se informar um pouco sobre seus poderes nos quadrinhos percebem o quão problemático deve ser seu inimigo. Porém, para os cinemas, algumas alterações foram feitas em torno da figura do personagem, desde sua caracterização até suas influências.

Namor, o Príncipe Submarino

Dentro de todo o folclore da Marvel, em que muitos personagens são até mesmo inspirados em figuras mitológicas reais — um clássico exemplo é o Thor, o próprio deus nórdico dos trovões e das batalhas —, Namor é aquele que governa o reino submerso de Atlântida.

Visto isso, ele guarda grande ressentimento pelas nações que vivem em terra, por poluírem os mares e danificarem o habitat das espécies marinhas — o que pode aparecer no filme da Marvel como uma crítica à poluição, talvez.

Porém, conforme as influências clássicas do personagem, sua origem seria, de certa forma, atrelada à Europa, sendo assim mais um dos vários personagens da Marvel inspirados nos traços europeus, fomentando um risco para outras culturas originárias do mundo, como a dos povos africanos e mesoamericanos. Isso porque a primeira vez que o reino de Atlântida foi mencionada, foi em uma parábola grega de 360 a.C.

De acordo com os contos, o reino seria uma civilização extremamente avançada e desenvolvida, mas que foi punida pelos deuses com sua total imersão em água. Porém, em 1882 o ex-congressista Ignatius L. Donnelly publicou um livro em que argumentava que Atlântida era real, e que teria sido responsável pelos avanços dos maias e dos egípcios, e assim surgiu a famosa lenda da cidade perdida, já retratada em diversas obras.

Mapa de Donnelly que mostra onde ficaria localizado o reino de Atlântida
Mapa de Donnelly que mostra onde ficaria localizado o reino de Atlântida / Crédito: Domínio Público via Wikimedia Commons

O argumento, por sua vez, se torna problemático porque leva muitas pessoas a desacreditarem no potencial de progresso das nações originárias da África e da América-Latina, em detrimento da crença de que tudo teria uma origem da Europa: a Grécia. Então, pensando em sair dessa interpretação, o personagem foi reimaginado para os cinemas com outras referências.

Namor, Ku'ku'lkán

A nova caracterização de Namor, exclusiva para o MCU, é inspirada nos povos originários mesoamericanos num todo — com referências maias e astecas simultaneamente, no entanto, o que também pode gerar confusão.

Em 'Pantera Negra: Wakanda Forever', o reino de Atlântida é chamado de Talokan, inspirada no 'paraíso' asteca Tlālōcān, e o próprio Namor é referido como 'Ku'ku'lkán', o deus serpente maia.

Escultura de Ku'ku'lkán, o deus serpente emplumado maia, em Chichen Itza
Escultura de Ku'ku'lkán, o deus serpente emplumado maia, em Chichen Itza / Crédito: Domínio Público via Wikimedia Commons

Tendo isso em mente, o filme cumpre um papel interessante com a ressignificação do personagem, pois o avanço incomparável da nação submersa deixaria de ser atrelada a uma origem grega, e se relacionaria com outras nações antigas que, hoje, se sabe e entende como eram tão avançadas.

Apesar disso, ainda pode ser um problema discutível o quanto a mistura de culturas maias e astecas no filme pode vir a se tornar um problema. De acordo com John W. Hoopes, antropólogo da Universidade do Kansas em entrevista ao Inverse, a decisão dos produtores pode resultar em certos estereótipos que definiriam 'mesoamericanos genéricos'.

É tarde demais [para os cineastas] tomarem cuidado", diz ele, como informado pela revista Smithsonian. Ele ainda acrescenta que a fusão de culturas "resulta em equívocos e estereótipos sobre os ancestrais reais das pessoas. … Existe um europeu genérico? É como confundir China, Japão, Coréia e Vietnã, ou pior, africanos genéricos ou nativos."

Apesar de tudo, 'Pantera Negra: Wakanda Forever' ainda é um dos filmes mais aguardados do ano do Universo Cinematográfico Marvel, tanto pelos fãs que acompanham todas as produções, quanto por aqueles que ficam curiosos, após o grande sucesso do primeiro filme, de 2018, e com a possível substituição de Chadwick Boseman no elenco. A obra está disponível nos cinemas por todo o Brasil desde a última quinta-feira, 10.

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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