Assim como em 'The Crown', o rei George V não ajudou os Romanov?
Aventuras Na História
A quinta temporada de 'The Crown' vem chamando bastante atenção do público por apresentar acontecimentos muito impactantes dentro da família real britânica, em sua história recente — como o incêndio do Castelo de Windsor e o divórcio entre o príncipe Charles e a princesa Diana. Porém, em um episódio específico, o recorte temporal sai da década de 1990, e volta até o passado.
No sexto episódio de 'The Crown', o espectador é transportado para uma Grã-Bretanha durante a Primeira Guerra Mundial, quando a Casa de Windsor — casa reinante do Reino Unido — era chefiada não pela rainha Elizabeth II, mas por seu avô, o rei George V e sua esposa, a rainha Mary.
Então, é possível acompanhar a chegada de uma carta à mesa do rei, enviada diretamente pelo czar e pela czarina russos, Nicolau II e Alexandra Feodorovna, que presenciaram a queda dos Romanov em 1917, durante a Revolução Russa. Na carta, os russos pediam refúgio nas terras dos monarcas britânicos.
Então, o episódio logo corta para uma casa, chamada Ipatiev, no interior da Rússia, que representaria o local da execução da dinastia russa. O czar Nicolau II, na ocasião, assim como a czarina Alexandra, foram então acordados por um soldado que lhes disse que eles seriam transferidos para outro local. Então o czar exclamou alegremente "é o primo George!", mas, para sua infelicidade, ele e seus familiares foram assassinados em um porão.
Realmente aconteceu?
'The Crown' é uma série produzida pela Netflix em que a história da família real britânica é retratada, mas com as devidas adaptações para que os fatos se adequem ao roteiro cinematográfico. Por isso, nem todos os acontecimentos representados são completamente alinhados com os fatos, mas, de maneira geral, é inspirado.
Porém, a relação entre as famílias Romanov e Windsor, e o que acontece com a dinastia russa, não passou por adaptações tão grandes assim, se inspiradas na história.
De fato, as duas famílias eram parentes: a bisavó paterna da rainha Elizabeth II, a rainha Alexandra, veio da realeza dinamarquesa. Ela se casou com o rei Eduardo VII do Reino Unido, enquanto sua irmã Maria se casou com o czar Alexandre da Rússia. O filho de Maria, Nicolau, foi o último governante da Rússia — e também primo-irmão do rei George V, avô de Elizabeth II.
A fala de Nicolau na série após a chegada de um militar, não é cheia de esperança sem motivo. Nicolau II e George V eram muito próximos — até mesmo se referindo um ao outro em cartas como "Nicky" e "Georgie". No entanto, apesar de seu relacionamento próximo, a série retrata o acontecimento corretamente: George V realmente negou asilo a seu primo e sua família no Reino Unido. A informação, conforme repercutido pela Vogue internacional, vem da obra 'The Romanovs: 1613–1918' de Simon Sebag Montefiore.
Revolução Russa e abandono?
O assassinato dos membros da Família Romanov ocorreram logo após a Revolução Russa, que provocou, também, a queda dos czares russos. O novo governo, então, queria a família fora do país após a abdicação de Nicolau, temendo que seus aliados pudessem se reunir e restaurar o czar.
Porém, como o pedido de asilo na Grã-Bretanha foi negado, e os Romanov não deixaram o país que outrora governava, eles foram encontrados e mortos pelos aliados do novo governo.
O pedido foi negado porque o monarca britânico não queria incomodar a Rússia — visto que eram aliados durante a Primeira Guerra Mundial —, e nem os próprios súditos britânicos, muitos dos quais apoiavam a Revolução Russa e eram opositores da monarquia do Reino Unido, George V voltou atrás na decisão inicial, que era abrigar o primo.
Além disso, ele também se preocupou com a existência de duas famílias imperiais principais no Reino Unido, sem contar que Alexandra, a esposa de Nicolau II, era alemã — mesmo país com o qual o Reino Unido estava em guerra, como informado pela Vogue.
“O rei tem uma forte amizade pessoal com o imperador e ficaria feliz em fazer qualquer coisa para ajudá-lo”, detalhou Lord Stanfordham, então secretário do rei George V, ao secretário de Relações Exteriores britânico. “Mas Sua Majestade não pode deixar de duvidar, não apenas por causa dos perigos da viagem, mas por razões gerais de conveniência, se é aconselhável que a família imperial resida neste país.”
E se engana quem imagina que o rei não ficou devastado ao saber da morte dos czares. Em 1917, ele escreveu em seu diário que foi 'um assassinato horrível', além disso, destacou que 'era dedicado a Nicky, que era o mais gentil dos homens, um cavalheiro completo, amava seu país e seu povo'.