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Beatrice Wood, a mulher que inspirou Rose Dawson, do filme Titanic
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Beatrice Wood, a mulher que inspirou Rose Dawson, do filme Titanic

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Aventuras Na História
22/06/2023 18h42
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©Rose Dawson ( a atriz Kate Winslet) à esquerda e Beatrice Wood à direita
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Rose Dawson abre os braços na proa do majestoso Titanic, conforme seu lindo cabelo ruivo é esvoaçado pelo vento salgado do Atlântico Norte. Ao som de um belíssimo arranjo de My Heart Will Go On ela diz que confia em Jack, fecha os olhos e exclama: estou voando! - e naquela fatídica cena de 1997, o cinema mundial era marcado para sempre. 

Cena do filme Titanic, de 1997 / Crédito: Divulgação 

A protagonista do longa Titanic, dirigido por James Cameron, se sentia, pela primeira vez, livre. Esse era seu maior sonho: seguir seu coração e ter a liberdade para ser uma artista que viaja pelo mundo. Não por acaso, ela amava Jack, que era um humilde desenhista, profissão que para a moça rica era impensável. 

Curiosamente, Rose Dawson foi inspirada em uma mulher da vida real que pôde seguir justamente o rumo das artes. Era ela Beatrice Wood, uma ceramista norte-americana de sucesso. Em 1982, Wood publicou seu primeiro livro, O Anjo que Vestia Meias Pretas. Alguns anos mais tarde, em 1985, ela lançou sua autobiografia, I Schock Myself.

Da vida real para os telões

Kate Winslet como Rose Dawson, no filme Titanic / Crédito: Divulgação 

Quando o diretor James Cameron leu a autobiografia da artista (que não faleceu no tragédia do Titanic), ele teve a visão perfeita para a personagem daquele que se tornaria seu mais famoso filme. Cameron queria que Rose fosse uma mulher com uma mãe controladora, mas que a moça se rebelasse, graças a seu temperamento forte e mente batalhadora. 

Acreditou então que Beatrice Wood tinha tudo a ver com aquilo. Quando a estreia do filme Titanic aconteceu, em 1997, a artista já estava com 104 anos de idade e problemas de saúde, então não pôde comparecer ao lançamento. 

Beatrice Wood, durante a velhice / Crédito: Divulgação/ American Craft Council 

O diretor então foi junto de Gloria Stuart (que interpreta Rose mais velha) e jantou na casa de Wood, dando à artista um vídeo do filme. A princípio, ela se negou em ver o longa, pois sabia que seria um filme triste. Realmente, Jack morre no final, mas Rose vive uma vida feliz - com sorte, uma vida tão célebre quanto à de Wood. 

Nasce uma artista

Beatrice Wood  veio ao mundo na cidade de São Francisco, na Califórnia, no ano de 1893, em um berço favorecido de uma família rica, assim como a fictícia Rose Dawson. Aos 5 anos, Wood se mudou para Nova York. Mais tarde, durante a juventude, a mãe a obrigou a passar um ano em um convento em Paris.  

Wood realizou algo que a personagem Rose sempre quis: contrariou sua mãe e cancelou todos os seus planos. Corajosamente, ela disse que queria ser pintora. 

Beatrice Wood na juventude / Crédito: Wikimedia Commons 

Nem nesse momento a mãe de Wood deixou de lado a etiqueta da alta classe. Mandou a filha para a França, para que ela aprendesse a arte com sofisticação. Wood não gostou muito da escola de pintura e acabou se mudando para Giverny, cidade natal de Monet e lar de muitos artistas aspirantes.

Contrária aos velhos costumes

Wood morou por um bom tempo em um sótão. Sua mãe não gostou nada disso e foi para Giverny, onde trouxe a filha de volta à Paris. Na capital francesa, a garota passou a aprender teatro, até que estourou a Primeira Guerra Mundial e seus pais quiseram levá-la para Nova York. 

A jovem, mais uma vez, se recusou em seguir as ordens da família. Uniu-se aos franceses, no Repertório do Teatro Nacional e atuou em 60 papéis, sob o nome artístico "Senhorita Patricia".

Certa vez, Wood foi convidada a visitar um homem francês em um hospital. Lá, conheceu um amigo do paciente, o pintor Marcel Duchamp, famoso pela obra Nu Descendo Uma Escada. 

Dadaísmo

Em 1916, Wood fundou com Duchamp e com o escritor Henri-Pierre Roché a revista The Blind Man, uma das primeiras manifestações do movimento antiartístico do Dadaísmo nos Estados Unidos.

Wood teve um relacionamento com Henri-Pierre Roché e viveu com ele um triângulo amoroso que teria inspirado o livro Jules et Jim, de autoria do próprio Roché. Enquanto isso, a artista mergulhou ainda mais no dadaísmo. 

Participou, em 1917, da exposição independente Dadá, em Nova York. O trabalho que ela apresentou -Un Peu d'Eau dans du Savon- teve mais atenção que qualquer outro exibido na mostra, porque mostrava, de modo inusitado, uma mulher nua emergindo de sua banheira com uma barra de sabonete presa na virilha. 

Em 1918, a artista se mudou para Montreal, no Canadá. Para se livrar da queixa dos pais, a moça acabou se casando com um amigo do teatro, chamado Paul, com quem se separou anos depois. 

De volta a Nova York, Beatrice apaixonou-se pelo ator e diretor britânico, Reginald Pole, mas o relacionamento também foi um fracasso. Em 1933, já aos 40 anos de idade, Wood se inscreveu em um curso de cerâmica, na Hollywood High School.

Beatrice Wood em seu atelier / Crédito: Divulgação / Facebook 

Anos finais 

A artista encontrou naquela atividade uma nova paixão e começou a fazer peças de cerâmica. Estudou também com artistas renomados na cerâmica, tais como, Glen Lukens, Gertrud e Otto Natzler. 

Em 1947, Beatrice Wood construiu uma casa em Ojai, Califórnia. Ela se tornou vizinha do filósofo indiano Jiddu Krishnamurti. Wood até viajou para a Europa para ouvir algumas palestras do pensador. 

Segundo a autobiografia da artista, ela enxergava as coisas com a sabedoria do oriente, uma forte ética de trabalho, um senso de humor dadaísta e tinha uma visão romântica da vida. 

Em 1974, Beatrice Wood se mudou para outra casa, em um terreno de propriedade da Fundação Happy Valley. Nos anos 80, escreveu vários livros, entre eles, Pinching Spaniards (1988). Mais tarde, em 1992, publicou a obra 33ª Esposa de um Marajá: Uma História de Amor na Índia.

Em 19 de dezembro de 1997, a essência de Beatrice Wood foi refletida nos telões de cinema, no lançamento do filme Titanic, por meio da personagem Rose Dawson, interpretada por Kate Winslet. A artista faleceu poucos dias depois da estreia, aos 105 anos.


*Com informações de New York Times e o site de Beatrice Wood (beatricewood.com);

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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