Bilhete de 500 anos faz revelações históricas sobre a Itália
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No último 1º de novembro, o jornal Seismological Research Letters divulgou o encontro acidental de um raro documento. Trata-se de uma nota que atesta a ocorrência de terremotos, até então desconhecidos, que se fizeram presentes durante o ano de 1446 na atual Itália.
Esta descoberta foi realizada pelo geólogo Paolo Galli, que atua no Departamento de Proteção Civil Nacional da Itália. Ao buscar relatos de terremotos na Biblioteca Apostólica do Vaticano, ele se deparou com uma nota curiosa em um livro de orações judaicas do século 15.
Conforme repercutido pelo portal da revista Galileu, o livro possui o registro de múltiplos terremotos que ocorreram na Itália naquele período, incluindo um tremor que assolou a região de Marche, na cordilheira dos Apeninos.
[Isso] não apenas nos ajuda a preencher parcialmente uma lacuna na história sísmica da Itália, mas também nos faz refletir sobre como ainda não sabemos sobre a origem dos tremores de terra mesmo em tempos cobertos por fontes escritas.", disse Galli em um comunicado.
Relatos
A nota sobre os abalos sísmicos se encontra no interior de um livro de orações, copiado na cidade de Camerino, em Marche, entre setembro e outubro de 1446. Em oito linhas, o texto relata um terremoto na região que derrubou casas e o pátio do governador, além de transformar vilarejos em “um monte de pedras.”
Segundo a anotação, os tremores se estenderam entre março e setembro. Frente aos desastres, homens e mulher “vêm aqui em Camerino usando vestidos brancos pálidos com seus cavalos e mulas e burros carregados de pão, comida e vinho, a fim de segurar a mão dos pobres”, apontou o texto.
Este documento é o único que relata explicitamente os tremores. A outra indicação, segundo Galli, está em um abaixo-assinado de 1446 pedindo investimentos para a reconstrução de muralhas e de um castelo em Petrino, assentamento localizado a 20 quilômetros de Camerino.
A descrição dos danos causados pelos terremotos indica que os tremores registraram 8 na escala de intensidade de Mercalli-Cancani-Sieberg, que segundo o geólogo, é o suficiente para causar o colapso de grande parte dos edifícios da cidade, assim com a queda de monumentos, paredes e colunas.