Canadense que acusou o governo de incêndios admite ter colocado fogo em dezenas de florestas
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No ano passado, um morador de Quebec, no Canadá, usou as redes sociais para divulgar teorias da conspiração que apontavam o governo canadense como o responsável pela onda de incêndios florestais no país, como uma forma de convencer a população da gravidade das mudanças climáticas. Agora, ele se declarou culpado por iniciar mais de meia dúzia de focos de incêndio.
Entre maio e setembro de 2023, Brian Paré, de 38 anos, colocou fogo em 14 pontos da região de Chibougamau, no Quebec. É importante relembrar que, no ano passado, o Canadá passou pela pior temporada de incêndios já registrada, resultando na destruição de 45 milhões de acres.
Conforme repercutido pelo jornal Folha de S. Paulo, em muitos daqueles dias, a fumaça dos incêndios se espalhou por outros países da América do Norte e do mundo, prejudicando a qualidade do ar e o cotidiano de milhões de pessoas.
De acordo com um documento da procuradora Marie-Philippe Charron, dois dos incêndios causados por Paréresultaram na evacuação de mais de 500 residências na cidade de Chapais, no final do último mês de maio.
Um desses incêndios, que atingiu a região do lago Cavan, queimou mais de 2 mil acres de floresta, sendo a maior área destruída por Paré, que receberá sua sentença em abril.
Aquecimento global
Em todo o mundo, o aumento das temperaturas causam temporadas de incêndios mais longas, além de mais raios, responsáveis pelos casos de incêndios mais destrutivos do Canadá.
Durante o verão do hemisfério norte, Paré usou seu perfil no Facebook para compartilhar acusações falsas de que o governo estava falhando propositalmente no controle das chamas, além de iniciar incêndios florestais de propósito.
Paré faz parte de um grupo muito maior que dissemina informações falsas após eventos climáticos extremos, como secas, ondas de calor e inundações. Segundo Chris Wells, professor da Universidade de Boston e pesquisador sobre desinformação climática, “todas essas coisas geraram muita repercussão e, consequentemente, várias formas de desinformação. Quando um evento como esse acontece, há a pergunta óbvia de hoje: 'Até que ponto isso está relacionado às mudanças climáticas?'”
As mudanças climáticas estão ampliando a intensidade dos incêndios florestais de diversas maneiras, de acordo com Mike Flannigan, professor especializado em incêndios florestais na Thompson Rivers University, no Canadá.
Além do prolongamento das temporadas de incêndio e da maior incidência de raios, as temperaturas mais altas também retiram a umidade da vegetação, criando um maior acúmulo de combustível seco para os incêndios.
Embora o aumento dos incêndios do ano passado tenha sido considerado “fora de série” e não deva se repetir tão cedo, Flannigan destaca que, em geral, “veremos mais anos de incêndios ativos no futuro do que no passado”.