Colômbia declara 'guerra' contra guerrilhas em meio à onda de violência
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A Colômbia enfrenta uma nova crise de segurança com uma onda de violência que deixou mais de 100 mortos e ameaça desestabilizar o já frágil processo de paz do país. O governo do presidente Gustavo Petro declarou uma postura mais dura contra as guerrilhas de esquerda, enviando tropas para conter conflitos em várias regiões.
Nos últimos cinco dias, episódios de violência foram registrados em três departamentos colombianos, desde a selva amazônica até a fronteira com a Venezuela. Esses confrontos levaram ao deslocamento de 11 mil pessoas, muitas buscando refúgio em cidades vizinhas ou cruzando a fronteira para o país vizinho.
Conflitos
O Exército de Libertação Nacional (ELN) foi identificado como responsável por ataques violentos na região fronteiriça, incluindo confrontos com facções dissidentes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Esses conflitos resultaram em pelo menos 80 mortes.
O presidente Petro, que anteriormente apostava em uma estratégia de diálogo e engajamento com grupos armados, enrijeceu o discurso. Em uma declaração recente, ele afirmou: "O ELN escolheu o caminho da guerra, e eles terão guerra". Cerca de 5 mil soldados foram enviados à área para tentar restaurar a ordem.
A violência levou centenas de famílias a abandonarem suas casas, com muitos refugiados chegando à cidade de Tibú, onde abrigos temporários foram montados. Outros atravessaram a fronteira para a Venezuela, em busca de segurança.
Como colombiano, é doloroso para mim deixar meu país”, disse ao The Guardian Geovanny Valero, um fazendeiro que fugiu com a esperança em um dia de retorno.
Simultaneamente, novos confrontos foram relatados em Guaviare, uma região amazônica remota. Cerca de 20 pessoas morreram em embates entre facções rivais.
Esse aumento de violência representa um desafio significativo para Petro, que construiu sua campanha presidencial em torno da ideia de “paz total”. Desde que assumiu o cargo em 2022, ele tem buscado negociações com diversos grupos armados, mas sua abordagem tem sido alvo de críticas.
Desaprovação
Analistas e opositores argumentam que a política de Petro pode ter fortalecido grupos armados, permitindo que eles expandissem seu poder, muitas vezes financiados pelo tráfico de cocaína. Apesar de um histórico acordo de paz em 2016, dissidências das guerrilhas continuam a controlar partes do território colombiano, alimentadas pelo comércio ilícito.
O acordo de 2016 foi visto como um marco na tentativa de encerrar um conflito de seis décadas que deixou cerca de 500 mil mortos. Contudo, a persistência de facções armadas reflete os desafios contínuos da Colômbia em estabelecer uma paz rigorosa, repercute o The Guardian.
O governo agora enfrenta o difícil equilíbrio entre manter os esforços de paz e responder com força às ameaças crescentes, enquanto o país continua sendo o maior produtor mundial de cocaína e palco de disputas violentas entre grupos rivais.