Como os turistas se tornaram um problema para gueixas no Japão
Aventuras Na História
Em março deste ano, a prefeitura de Kyoto, no Japão, anunciou a proibição do acesso de turistas a determinadas ruelas no famoso distrito de Gion, conhecido mundialmente como o “bairro das gueixas”.
"Não queremos fazer isto, mas estamos desesperados", disse na época o vereador local Isokazu Ota, conforme repercutiu o The Guardian.
A restrição, que entrou em vigor em abril, foi motivada pela crescente superlotação do bairro e, sobretudo, pelo comportamento inadequado de muitos visitantes.
Os turistas não apenas têm contribuído para o acúmulo de lixo e violado as proibições de fumar em áreas públicas, mas também têm demonstrado desrespeito flagrante em relação às gueixas e às maikos, as jovens aprendizes de gueixa, que trabalham na região.
Figuras icônicas
Conhecidas pelo rosto pintado de branco, lábios vermelhos e quimonos elaborados, as gueixas são figuras centrais na cultura japonesa e preservam uma tradição que remonta aos séculos 18 e 19.
Treinadas em diversas artes, incluindo música, dança e entretenimento, elas são artistas que treinam durante muitos anos, iniciando como maikos, até que dominem as habilidades necessárias para se tornarem gueixas plenas.
Assédio dos turistas
O distrito de Gion é um dos últimos redutos onde as gueixas ainda mantêm viva essa tradição, desempenhando suas funções em eventos sociais e culturais privados. Contudo, o aumento do turismo nos últimos anos trouxe uma série de desafios.
Uma das principais queixas das gueixas e maikos é o assédio por parte dos turistas. Como destaca a fonte, muitos visitantes tiram fotos sem permissão, tocam nas mulheres sem o consentimento delas e, em alguns casos, até correm e empurram outras pessoas para conseguir uma visão melhor das artistas.
Esse comportamento desrespeitoso compromete a dignidade e a privacidade das gueixas, que desempenham um papel fundamental na preservação da cultura japonesa.
Medidas
Em alguns locais, o ato de tirar fotos das gueixas já era proibido, com multas de ¥ 10.000 (aproximadamente R$ 340) para quem desrespeitasse as normas. No entanto, apesar das restrições, muitos turistas, apelidados de “paparazzis das gueixas”, ignoravam as regras e seguiam fazendo registros sem autorização.
Em resposta a essas situações, a nova regra restringe o acesso às ruelas do centro histórico de Gion, permitindo a entrada apenas às gueixas, seus clientes e moradores da região.