Compromissos cancelados e visitas: A postura de Dilma Rousseff após a tragédia da boate Kiss
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Há 10 anos, o trágico incêndio da boate Kiss, estabelecimento localizado em Santa Maria, Rio Grande do Sul, chocava o Brasil. O uso de pirotecnia pela banda Gurizada Fandangueira em um ambiente repleto de irregularidades iniciou um incêndio que resultou na morte de 242 pessoas e deixou mais de 600 feridas.
Uma década após o episódio que parou o Brasil e não condenou nenhum responsável até hoje, a árdua luta dos familiares por justiça é mostrada na série ficcional 'Todo Dia a Mesma Noite', lançada pela Netflix na última semana. Com a estreia da série, internautas relembram não só a fatídica noite, mas também o luto dos familiares e sobreviventes.
Um Tweet, por exemplo, resgata a postura de Dilma Rousseff, então presidenta do Brasil, logo quando soube da tragédia. "Admirável a postura da Dilma em relação à tragédia da Boate Kiss. Cancelou todos os compromissos e foi ao ginásio onde estavam sendo veladas as vítimas, em Santa Maria", escreveu um internauta. "Ela (Dilma) foi se uma humanidade. Não se viu uma política, mas uma mãe, uma avó…tenho mil críticas a ela, mas ela foi esplêndida", respondeu outro internauta.
Conforme destacado por uma matéria de 2013 do G1, quando soube da dimensão do que ocorreu em Santa Maria,Dilma cancelou a agenda oficial que cumpria naquele domingo, 27. Na época, a presidenta se encontrava num encontro de cúpula de países latino-americanos e europeus em Santiago, Chile.
Com a decisão, a então assessoria da Presidência informou que foram cancelados encontros bilaterais que Rousseff teria com os presidentes da Letônia, Bolívia e Argentina.
"Eu queria dizer à população do nosso país e de Santa Maria o quanto, nesse momento de tristeza, estamos juntos. E necessariamente iremos superar, mantendo a tristeza", disse Dilma à imprensa enquanto estava em Santiago, visivelmente emocionada.
A ação de Dilma se deu antes mesmo de voltar ao Brasil. Ao conversar com os nomes do primeiro escalão, a ordem foi que os ministros do governo estivessem de prontidão para ajudar no antedimento às vítimas da tragédia e também os familiares.
Além disso, a então ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, informou na época que Dilma direcionou uma equipe de técnicos e peritos federais para ajudar na identificação das mais de 200 vítimas da tragédia.
Conforto aos familiares
Em Santa Maria, Dilma visitou feridos do incêndio da boate Kiss no Hospital de Caridade de Santa Maria. Em seguida, a comitiva presidencial foi até o ginásio do Centro Desportivo Municipal. No local, ocorria a identificação dos corpos das vítimas do incêndio.
Visivelmente emocionada com o que presenciou naquele dia, Rousseff conversou com as famílias que esperavam no local para identificar os corpos.
“Ela esteve no local onde estão as famílias, conversou com alguns, mas está muito emocionada, é um clima que ninguém queria vivenciar. Queremos dar todo o apoio ao trabalho que está sendo feito. Queremos respostas”, disse Marco Maia, então presidente da Câmara dos Deputados, na época, segundo repercutido pelo G1.
Em novembro daquele ano, Dilma falou sobre o que presenciou em Santa Maria. Ao grupo RBS, no Palácio da Alvorada, a então presidenta descreveu aquele dia como 'momento mais dramático' que encarou.
“Do ponto de vista pessoal, aquele foi o momento mais dramático que eu vivi. Ali você enfrentava a dor humana sem nenhum bloqueio. É muito difícil”, disse Dilma em 2013, conforme repercutido pelo Terra. “Momentos de comoção de comunidades são muito fortes, a dor é muito tangível, é impossível ver mãe e pai com a situação invertida. A natureza não previu que filho morresse antes dos pais. É muito ruim de ver", disse ela.