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DNA antigo reescreve o que se pensava sobre túmulos neolíticos irlandeses
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DNA antigo reescreve o que se pensava sobre túmulos neolíticos irlandeses

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Aventuras Na História
21/04/2025 17h34
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©Getty Images
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Um novo estudo de DNA antigo em túmulos neolíticos da Irlanda pode reescrever o que se pensava sobre a história da região. O que antes pensava-se serem locais de sepultamento reais, relacionados a dinastias, agora podem ser considerados, na verdade, locais de congregação de comunidades.

O estudo, publicado no Cambridge Archaeological Journal, analisou o DNA de 55 indivíduos enterrados em grande túmulos de pedra espalhados por toda a Irlanda. Os túmulos, construídos entre 3.900 a.C. e 2.500 a.C. — sendo os maiores posteriores a 3.600 a.C. — são sítios arqueológicos famosos, como Newgrange, Knowth e Dowth.

Anteriormente, teorias afirmavam que os indivíduos ali enterrados poderiam pertencer a famílias influentes, possivelmente com poderes herdados, na região. Porém, agora, "não podemos afirmar que esses túmulos foram os locais de descanso final de uma linhagem dinástica que restringiu o acesso ao 'sepultamento' dentro desses túmulos a seus parentes", conforme escrevem os pesquisadores no estudo.

Neil Carlin, autor principal do estudo, e sua equipe, descobriram que a maioria das pessoas sepultadas juntas não eram sequer parentes próximos. Em muitos casos, eles eram parentes distantes, como primos de sexto grau, ou sequer tinham algum parentesco genético.

Esse novo resultado contradiz uma hipótese levantada em 2020, de que uma elite governante tinha autoridade sobre os direitos de sepultamento. Agora, o que os pesquisadores sugerem é que os túmulos refletem uma ideia mais ampla de comunidade.

Segundo o estudo, os sepultamentos não eram meros túmulos, mas sim locais de encontro em que pessoas se reuniam para trabalhar, festejar e praticar rituais. Vários dos túmulos, inclusive, foram usados durante muitos séculos, e a maioria dos corpos ali sepultados continha evidências de cremação, desmembramento e outras práticas funerárias — que revelam rituais contínuos na área, em vez de meros sepultamentos.

Ressignificando parentescos

No estudo, os pesquisadores apontam que a ideia de "parentesco" na antiga Irlanda Neolítica não se resumia apenas ao sangue, mas sim a uma vida compartilhada. Os relacionamentos eram formados entre as pessoas através do trabalho, de cerimônias e crenças — fenômeno este chamado de "kinwork", que consiste na criação de uma família com base no que as pessoas faziam juntas, e não sobre a família em que nasceram.

Porém, a mudança para os moldes como conhecemos hoje pode ter ocorrido por volta de 3.600 a.C., quatro séculos após os sepultamentos mais simples. Alguns dos sítios arqueológicos mais antigos até incluíam parentes mais próximos, porém, conforme as tumbas se tornavam maiores e mais complexas, as pessoas ali depositadas ficaram cada vez mais diversificadas, o que sugere uma mudança social de pequenos grupos, para coletivos maiores e conectados.

Além disso, conforme repercute o Archaeological News, os recursos para a construção de alguns túmulos foram obtidos a mais de 40 quilômetros de distância deles, o que ainda sugere uma coordenação massiva e até mesmo o surgimento de sistemas culturais ou religiosos compartilhados em grandes áreas da atual Irlanda.

Agora, a equipe de pesquisa afirma que essas descobertas podem ajudar a remodelar a concepção existente do passado da região, reescrevendo a ideia de que a Irlanda Neolítica era dividida em dinastias e reis, e passando a adotar a ideia de que a região pode ter sido um lugar de igualdade, ritual e identidade compartilhada.

"Precisamos de mais amostras de DNA antigo e de análises mais aprofundadas de sítios arqueológicos importantes", pontuam os pesquisadores no estudo. Para tanto, esperam incluir uma análise conjunta de ossos, artefatos, arquitetura e padrões de assentamento da área, que pode ajudar a compreender verdadeiramente a complexa teia da vida social da Irlanda pré-histórica.

Por fim, Carlin descreve que, ao excluir ideias baseadas exclusivamente na genética, é possível compreender um parentesco para estes grupos como algo além da biologia: "Esta era uma sociedade mais igualitária", conclui.

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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