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DOI-CODI: As pesquisas no principal cenário da ditadura militar em São Paulo
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DOI-CODI: As pesquisas no principal cenário da ditadura militar em São Paulo

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Aventuras Na História
07/10/2023 15h00
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https://timnews.com.br/system/images/photos/15810474/original/open-uri20231007-19-erg31y?1696690972
©Agência Brasil/Rovena Rosa
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No meio da cidade de São Paulo, mais especificamente na Rua Tutóia, na Vila Mariana, se encontra uma delegacia de polícia. O que aparentemente é um local comum e sem muita surpresa, esconde, na verdade, um dos cenários mais tétricos da ditadura militar na cidade. No local, muitas pessoas foram presas durante o regime militar brasileiro.

O Departamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI) foi uma agência de repressão política subordinada ao Exército. No local, os inimigos do governo eram encarcerados, torturados e mortos entre os anos de 1964 e 1984, que foi o período em que o regime ficou ativo no país.

Com boa parte da estrutura ainda em pé, o lugar agora é objeto de uma pesquisa arqueológica, que visa aprofundar os conhecimentos sobre o prédio construído e também identificar as pessoas que passaram pelo local — já que muitos não entravam nos registros oficiais —, além de evidenciar o que, de fato, aconteceu naquele local que esconde tantas histórias dolorosas em suas paredes.

Deborah Neves, Coordenadora do Grupo de Trabalho Interinstitucional Memorial Doi-Codi, conversou com o site Aventuras na História e explicou como ocorre o processo de pesquisa ao lado de pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) , Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Trabalho pioneiro

Neves conta que no mês de agosto, mais de 800 pessoas foram recebidas na sede do Doi-Codi ao longo de 12 dias, o que trouxe para os pesquisadores um sinal de que as pessoas continuam interessadas em aprender mais sobre a história do país. O trabalho de pesquisa realizado ainda é pioneiro na área.

Não teve nenhum trabalho que reunisse tanto as frentes da arqueologia e da arquitetura na investigação de um lugar de memória, então, nós trabalhamos com essa arqueologia histórica, que é essa abertura para escavar e identificar materiais que estão aqui presentes no prédio e arqueologia forense, que é justamente identificar esses vestígios da ocupação do edifício", disse ela. "Então, as inscrições e as eventuais manchas de sangue que nós estamos avaliando para ver se é isso mesmo, e a arqueologia pública que trouxe essas pessoas para conhecer o espaço durante o trabalho". 

A historiadora comenta que as janelas de amostragem realizadas no prédio foram bem-sucedidas e que há planos para que a pesquisa seja estendida, principalmente visando aprofundar os conhecimentos sobre a parte interna do prédio (que inclui salas, corredores e banheiros) e também a parte externa, já que, segundo relatos dados à equipe de pesquisadores, as torturas começavam já na parte de fora do local.

No entanto, a arrecadação de dinheiro para as pesquisas serem feitas representa um obstáculo. Logo, a equipe continua no aguardo de um financiamento para que o estudo no local seja ampliado.

Local frágil

Neves destacou que o prédio está fragilizado, por isso, durante as visitas, não é possível entrar em alguns dos cômodos. “Um dos aspectos importante em destacar é que a fragilidade desses pisos de taco tem a ver com um período em que o prédio ficou abandonado e que uma infiltração causou justamente a deterioração desse material, mas mesmo com a deterioração, ainda foi possível encontrar uma substância que reagiu ao luminal, que é isso que a gente quer investigar”. 

Inclusive, ela destacou que algumas placas de acrílico foram produzidas para que tais áreas fossem protegidas, para também preservar outros eventuais vestígios que possam aparecer em alguma daquelas salas, além daquilo que já foi descoberto, como inscrições numéricas na parede de um dos banheiros masculinos e os vestígios biológicos encontrados com reação do luminol.

Inscrições encontradas em banheiro masculino no DOI-CODI - Crédito: Reprodução / Redes Sociais / Instagram / @arqueodoicodisp

Para aqueles que possuem vontade de visitar o histórico local, Deborah explica que é possível:

Nós temos duas formas de fazer a visita; uma é uma visita regular que é feita pelo Núcleo Memória, eles vêm mensalmente aqui, então é só entrar na página deles, tanto de internet quanto o Instagram e Facebook, tem o perfil deles, eles anunciam as datas de visita, ou então entrar em contato conosco pelo @arqueodoicodisp, a gente organiza em grupos e faz uma visita”.
Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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