Em Israel, flautas de 12 mil anos feitas de ossos são descobertas
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Arqueólogos descobriram os instrumentos de sopro mais antigos do Oriente Médio, com cerca de 12 mil anos, no sítio pré-histórico de Eynan-Mallaha, no norte de Israel. Essa importante descoberta foi documentada pelos pesquisadores na revista Nature Scientific Reports, na última sexta-feira, 9.
A descoberta rara consiste em sete flautas feitas de ossos de uma pequena ave aquática. Quando tocadas, essas flautas produzem um som semelhante ao das aves de rapina, como o gavião-da-europa e o peneireiro-eurasiático. Os instrumentos foram fabricados por pessoas da cultura natufiana, uma civilização do Oriente Próximo que habitou a área entre 13 mil e 9,7 mil a.C.
Parece que os natufianos selecionaram ossos menores de propósito para obter o som agudo das aves de rapina, já que também foram encontrados pássaros com ossos maiores, que produzem sons mais graves, no mesmo local. As flautas podem ter sido usadas para caça, música ou até mesmo para se comunicar com as próprias aves.
Os natufianos atribuíam um valor simbólico especial às aves, como indicam os muitos ornamentos feitos de garras encontrados em Eynan-Mallaha. “A evidência direta de instrumentos sonoros do Paleolítico é relativamente rara, com apenas alguns exemplos registrados em contextos do Paleolítico Superior, particularmente em culturas europeias”, escrevem os autores no estudo.
Escute o som produzido por elas nesse vídeo:
Futuras revelações
Ainda que o sítio pré-histórico de Eynan-Mallaha tenha sido estudado minuciosamente desde 1955, segundo a Galileu, essas descobertas revelam que o local ainda reserva surpresas. Localizada às margens do Lago Hula, a região foi uma vila que abrigou os natufianos ao longo de seus 3 mil anos de existência.
De acordo com os pesquisadores, essas descobertas fornecem evidências cruciais para entender “o fenômeno acústico da manipulação sonora de um contexto cultural, que marca uma mudança significativa na história da humanidade – a transição para sociedades agrícolas complexas manipulando seus ambientes vegetais e animais e acelerando o surgimento de novas formas de vida”.