Em Palmeira dos Índios, um santuário em homenagem a Frei Damião, o “andarilho de Deus”

Sempre tive a convicção de que estamos interligados por conexões inexplicáveis neste mundo, como se nossos destinos estivessem entrelaçados por fios invisíveis, tecendo uma rede de relações e influências que moldam nossas jornadas. Então, no final de 2022, quando recebi o convite de dois amigos, Tico e Andrea, para ajudá-los a levantar recursos que seriam investidos na construção de cisternas para populações vulneráveis no sertão de Alagoas, encarei aquele chamado como um sinal divino e embarquei nessa viagem que me transformaria completamente.

Enquanto mapeávamos as localidades mais necessitadas da região de Mata Grande, nos conectamos profundamente com as histórias contadas por aquele povo resiliente. Ouvimos sobre sua luta diária para sobreviver com dignidade e sobre seus sonhos em meio a tanta adversidade - eles queriam apenas uma cisterna, só pediam para ter um pouco de água. O direito à água pode parecer tão básico para quem vive em uma grande capital, como era o nosso caso. Mas ali, esse acesso era um sonho. Um sonho que nós podíamos ajudar a realizar.

Motivados pela força daquelas pessoas, encaramos dias de trabalho árduo, mas gratificante. A cada momento, nos víamos imersos em tarefas desafiadoras, mas o sorriso de gratidão nos rostos daqueles a quem ajudávamos fazia tudo valer a pena. Após três dias de intenso trabalho, retornamos a Maceió. No caminho, passamos por uma pequena cidade chamada Palmeira dos Índios.

A história de Frei Damião

Logo na entrada, avistamos uma imponente estátua de um santo da região, com mais de 20 metros de altura. Quem era? Movidos pela curiosidade, decidimos fazer uma parada para explorar esse santuário, que descobrimos ser dedicado a Frei Damião.

Batizado como Pio Giannotti, Frei Damião nasceu em 1898, na pequena cidade de Bozzano, ao norte da Itália. Filho de camponeses, aos 16 anos entrou para a ordem dos capuchinhos, um ramo da Família Franciscana que tem São Francisco de Assis como fundador. Aos 27 anos, formou-se em teologia na universidade Gregoriana, em Roma, e em 1931 veio ao Brasil como missionário. Desembarcou em Recife, mas ficou conhecido pelas santas Missões no sertão nordestino.

As Missões eram um tipo de cruzada missionária, de alguns dias de duração, que promovia a evangelização e confortava os aflitos. Dedicou-se especialmente à população mais pobre e sofrida do sertão nordestino, tornando-se uma figura muito respeitada e admirada, especialmente por sua atenção aos mais necessitados.

Durante sua jornada espiritual, foi reconhecido como um santo milagreiro. Mesmo após sua morte, muitos fiéis afirmam ter experimentado curas físicas e espirituais, bem como intervenções divinas. Sua vida de privações, como a humildade de só comer o que lhe davam, as histórias de seus milagres e sua total dedicação aos mais necessitados me fizeram refletir sobre a fé e a devoção a este santo tão venerado naquelas terras do

sertão nordestino.

Inspiração

Saí de lá com a convicção de que o povo do sertão é guiado por uma fé inquebrantável e que, muitas vezes, é essa fé que os ajuda a superar a escassez. Mas também estou convencido de que esse povo precisa de aliados para que o futuro seja melhor e mais justo, com acesso a direitos fundamentais.

Após conhecer a história de Frei Damião, retornei a Maceió inspirado a ampliar nosso trabalho com as cisternas. A buscar parcerias para transformar mais vidas. Por meio da campanha Conectando Amor no Sertão, em parceria com a ONG Visão Mundial, você pode ser um desses aliados.

O documentário 'Mulheres do Sertão – A Força que Supera a Seca' documenta a primeira parte da entrega de 100 cisternas para famílias necessitadas de Mata Grande (AL). Confira completo abaixo!

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