Estacas de madeira da Guerra Civil inglesa são descobertas no Castelo de Sheffield

Arqueólogos realizaram uma descoberta significativa ao desenterrar os vestígios das primeiras estacas de madeira que sobreviveram das defesas da Guerra Civil Inglesa no local do Castelo de Sheffield.

Essa descoberta estabelece uma conexão fascinante com um dos períodos mais conturbados da história britânica. A pesquisa faz parte de uma escavação contínua conduzida pela Wessex Archaeology, em colaboração com o projeto de regeneração Castlegate da Prefeitura de Sheffield.

A descoberta

Durante a escavação no fosso do castelo, foram encontradas diversas estacas de madeira, cada uma medindo aproximadamente 1 metro. Feitas de freixo e olmo, essas estacas eram rudimentares e apresentavam pontas afiadas.

Elas foram cravadas no solo em frente à porta medieval do castelo, formando um "abatis", uma barricada defensiva destinada a dificultar a aproximação dos atacantes e expô-los ao fogo dos defensores. As estacas estavam dispostas de maneira caótica, criando um obstáculo eficaz conhecido como "zona de morte".

O arqueólogo-chefe da Wessex Archaeology, Ashley Tuck, explicou: "Registros indicam que o castelo finalmente se rendeu às forças parlamentaristas após um cerco de 10 dias em agosto de 1644", repercute o Archaeology Magazine.

"Embora saibamos que essas madeiras e o abatis que formaram não conseguiram proteger o castelo da destruição, elas oferecem uma visão sobre as brutalidades da guerra e enriquecem nosso entendimento desse período turbulento na história de Sheffield."

Tuck destacou a raridade dessa descoberta: "Frequentemente ouvimos sobre defesas da Guerra Civil, como abatises, utilizadas em propriedades históricas por todo o país, mas geralmente há pouco a se ver dessas características importantes. Poder segurar a própria madeira em que os defensores do Castelo de Sheffield confiaram suas vidas é extraordinário."

A excepcional preservação das estacas se deve às condições em que estavam enterradas. Quando as forças parlamentaristas tomaram o Castelo de Sheffield, ele foi demolido, e muitos dos destroços acabaram sendo enterrados no fosso do castelo. O ambiente alagado criou um cenário sem oxigênio que impediu a degradação do material orgânico.

Os arqueólogos também identificaram marcas de ferramentas nas estacas, sugerindo que foram feitas apressadamente, provavelmente em antecipação ao cerco iminente. Algumas estacas ainda conservavam casca, e marcas de machado indicam que os defensores tiveram muito pouco tempo para aperfeiçoar sua construção.

O Castelo de Sheffield é considerado um marco e símbolo do poder da cidade. Originalmente construído como um castelo motte-and-bailey após a Conquista Normanda, em 1066, ele foi posteriormente ampliado e fortificado.

Entre as figuras notáveis em sua história está Maria, Rainha dos Escoceses, que foi prisioneira ali intermitentemente entre 1570 e 1584. O castelo desempenhou um papel crucial durante a Guerra Civil Inglesa, quando finalmente caiu nas mãos das forças parlamentaristas, que ordenaram sua destruição.

Após a escavação, as estacas de madeira estão sendo cuidadosamente conservadas no York Archaeology. Assim que o processo de preservação estiver completo, elas serão transferidas para o Sheffield Museums Trust para exibição pública. No entanto, Tuck mencionou que ainda podem haver muitas outras surpresas aguardando descobertas no local.