‘Estou Feliz que Minha Mãe Morreu’: Os relatos da infância traumática de uma estrela
Aventuras Na História
Neste ano, a atriz Jennette McCurdy, que é mais famosa pelos seriados infantis da Nickelodeon dos quais participou na adolescência, como "iCarly" e "Sam & Cat", em que interpretou a personagem "Sam Puckett", lançou neste ano um pesado livro de memórias em que descreve seus tramas de infância e as dificuldades que enfrentou durante o início de sua carreira.
A obra leva o impactante título de "I'm Glad My Mom Died", ou, em tradução livre, "Estou Feliz que Minha Mãe Morreu", já demonstrando a intenção da artista em ser direta em seus relatos.
McCurdy possui hoje 30 anos de idade, e perdeu sua figura materna para o câncer em 2013, quando tinha 21, e estava, portanto, começando sua vida adulta. A doença de sua mãe, aliás, não era uma novidade: o diagnóstico tinha vindo quando a estrela teen tinha apenas 2 anos, de forma que o estado de saúde debilitado da mulher foi uma constante em sua vida.
Em seu livro de memórias, Jennette se abre a respeito do abuso que sofreu tanto pelas mãos da matriarca, Debra, que era extremamente controladora a respeito da vida da filha, como daquele a que foi submetida em seu ambiente de trabalho, o set de filmagem da Nickelodeon.
O homem que não deve ser nomeado
Esse segundo abuso foi perpetrado por um homem referenciado pela atriz apenas como "o criador", uma vez que existem barreiras legais impedindo-na de citar nomes.
Segundo repercutido pelo LA Times, todavia, a especulação é de que a artista esteja se referindo a Dan Schneider, que esteve por trás das séries onde ela atuou, e já foi acusado por outras celebridades do canal de ter apresentado comportamentos inapropriados.
No livro, McCurdy recontou um episódio perturbador em que "o criador" lhe ofereceu álcool, embora ela ainda fosse menor de idade, e massageou suas costas.
Uma relação tóxica
No decorrer das muitas entrevistas que fez para promover sua nova publicação, McCurdy explicou que sua mãe lhe introduziu à prática de contar calorias quando ela estava entrando na puberdade, impulsionando seus transtornos alimentares.
Durante o período em que a figura materna estava em sua vida, a artista seguia uma dieta restritiva, apresentando um quadro de anorexia.
Minha mãe disse que poderia me ensinar a contar calorias e que poderíamos ser um time, mas que eu tinha que manter isso em segredo... Achei que era uma oportunidade para minha mãe e eu estarmos mais próximas", explicou Jennette.
Ela relatou ainda que às vezes comia ainda menos que a quantidade separada por Debra, além de se pesar várias vezes por semana, tudo com o objetivo de deixar a figura materna "orgulhosa".
"Ela fez um esforço para manter nosso relacionamento privado. Agora, vejo isso como algo que condicionou minha vida, mas [na época] eu pensava 'Ah, mamãe e eu temos um relacionamento tão especial'. Era como quando você tem um melhor amigo e compartilha todos esses segredos. Você sente que é uma forma de intimidade. Foi o que minha mãe fez comigo. [Mas] não foi amizade. Foi abuso", relatou a atriz ainda, conforme a BBC.
Já após a morte de sua mãe, McCurdy passou por um complexo processo de luto, precisando aprender a viver sem a presença controladora de Debra, que inclusive tomava banhos com ela até seus 16 anos, frequentemente fazendo "exames" nos seios da filha à procura de "possíveis caroços", já que a matriarca em si possuía câncer de mama.
"Eu me sentia realmente brava, e confusa a respeito de por quê eu me sentia brava de estar em luto por ela. Eu sentia que ela não merecia minhas lágrimas e minha tristeza", contou.
Segundo repercutido pelo The Insider, após o fatídico ano de 2013, em que sua mãe morreu, Jennette desenvolveu alcoolismo e passou a sofrer com outro transtorno alimentar. Dessa vez, em vez de anorexia, tinha bulimia. Ela levou anos para se curar o suficiente do abuso que sofreu em sua juventude para ter uma vida mais saudável e funcional.
Hoje, McCurdy trabalha como roteirista e diretora. Em entrevista ao The Hollywood Reporter, ela respondeu o que diria, caso pudesse mandar uma mensagem para a sua eu do passado.
Eu teria me dito: 'Você vai ficar bem, garota. Você será capaz de realizar seu sonho de escrever e dirigir. Continue trabalhando duro e você chegará lá.' Minha vida é melhor agora do que nunca", concluiu.
O livro de memórias "Estou Feliz que Minha Mãe Morreu" está previsto para chegar às livrarias brasileiras em novembro de 2022.