Estudo faz revelação sobre a misteriosa vida sexual das girafas
Aventuras Na História
Rituais de acasalamento são essenciais para animais que necessitam de cópulas para a reprodução da espécie. Pavões machos exibem suas penas coloridas para atrair as fêmeas, gatas entram em cio para sinalizar aos gatos que estão prontas para cruzamento, e cavalos-marinhos machos precisam fazer uma dança aquática para as fêmeas decidirem liberar seus ovos.
No caso das girafas, todavia, o comportamento que precede a copulação possui algumas diferenças, em particular devido ao fato que os animais de pescoço longo não tem uma época específica destinada aos atos reprodutivos, realizando-os durante o ano inteiro, e também por conta de sua anatomia em si.
Muito longe do chão
Os feromônios sexuais são uma pista importante usadas por animais para indicarem um ao outro que estão "no clima", e uma das maneiras mais comuns dessas substâncias serem liberadas é através da urina.
Por esse motivo, é possível ver bovinos, cavalos, búfalos, felinos grandes como tigres ou leões e até mesmo gatos domésticos cheirando a urina deixada por espécimes do sexo oposto.
No caso de girafas, contudo, sua altura e anatomia incomuns dificultariam esse processo: "Elas não arriscam se aproximar totalmente do chão por conta do desenvolvimento extremo de sua cabeça e pescoço", explicou Lynette Hart, especialista da área de medicina veterinária, segundo repercutido pelo site da Universidade da Califórnia.
A pesquisadora, juntamente de seu marido Benjamin Hart, foi capaz de identificar um aspecto até então desconhecido do processo de cortejo desses mamíferos após realizar diversas viagens ao Parque Nacional Etosha, na Namíbia, destinadas à observação deles em seu hábitat natural.
O artigo científico escrito pelos dois foi publicado no fim de janeiro de 2023 pelo portal MDPI, revelando uma das ações realizadas por esses animais quando eles estão tentando atrair seus parceiros em potencial.
Lagoas e paquera
No Parque Nacional de Etosha, é possível observar as girafas de perto quando os bandos se aproximam de lagos e poços para beber água, o que Lynette teria descrito como "um sonho tornado realidade".
Foi neste contexto que o casal de cientistas reparou nos mamíferos realizando comportamentos pré-copulatórios, ao que decifrariam uma das peças que faltavam ao quebra-cabeça da vida sexual dessa espécie.
Um detalhe peculiar já conhecido a respeito do ritual de acasalamento desses animais é que, como eles evitam levar a cabeça até o chão, os machos acabam precisando identificar os feromônios presentes na urina das fêmeas enquanto elas ainda estão no processo de urinar.
Eles se posicionam atrás das girafas fêmeas e coletam o líquido na boca, ao que realizam um ato chamado de "reflexo de fehmen", em que inalam o ar enquanto mantém a boca aberta.
O que não era conhecido, por outro lado, é que é necessária uma colaboração por parte das fêmeas para que essa etapa seja bem-sucedida: os machos costumam, assim, dar um pequeno empurrão com o pescoço em suas parceiras em potencial para sinalizar que estão prontos.
Caso elas tenham interesse, começam a urinar durante cerca de cinco segundos. Quando não fazem isso, por outro lado, é sinal que o macho foi rejeitado.
Então eles têm que cutucar a fêmea, efetivamente dizendo, 'Por favor, urine agora.' E muitas vezes ela faz isso mesmo. Ele tem que obter a cooperação dela. Se não, ele saberá que não há futuro para ele com ela", concluiu Lynette Hart.