Família 'tem certeza' que parente foi morta pelo Maníaco do Parque
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Quase 30 anos após a prisão de Francisco de Assis, o Maníaco do Parque, uma família de Recife acredita que uma parente pode estar entre as vítimas do serial killer. A informação é do jornalista Ullisses Campbell, biógrafo do assassino em série, em Coluna no jornal O Globo.
Francisco confessou os assassinatos no Parque do Estado, em São Paulo, onde a polícia encontrou três ossadas femininas. Apenas uma foi identificada: Isadora Fraenkel, de 19 anos, considerada a segunda vítima.
Os outros dois esqueletos permanecem sem identificação. “Tenho certeza de que minha irmã Jane é uma dessas vítimas sem nome”, afirmou Josiluce Cavalcante dos Santos, de 70 anos, ao jornalista.
Quem foi Jane?
No final dos anos 1980, Jane Cavalcante de Albuquerque e sua família deixaram Pernambuco em busca de uma vida melhor em São Paulo. Morando no Capão Redondo, ela trabalhava como empregada doméstica e costumava frequentar o Ibirapuera e o Parque do Estado.
“Ela era muito dada. Puxava conversas com estranhos e aceitava carona de qualquer um. Uma vez eu disse que o paulistano não era igual ao pernambucano. Que era para ter cuidado. Ela chegou a pegar carona com motoqueiros”, contou Josiluce ao escritor.
Em 15 de novembro de 1989, após as eleições, Jane voltou para casa com hematomas pelo corpo, relatando que havia sido agredida no Parque do Estado por um jovem que afirmava ser assassino. Ela conseguiu escapar jogando terra no rosto do agressor.
Sete meses depois, a família retornou a Pernambuco, mas Jane decidiu permanecer em São Paulo por conta do trabalho. Em 21 de junho de 1990, saiu para buscar roupas com uma amiga e desapareceu. O boletim de ocorrência foi registrado em 24 de junho do mesmo ano.
Outro criminoso?
A polícia indica que Francisco cometeu seus primeiros crimes documentados entre janeiro e agosto de 1998, sem registros oficiais ou confissões de assassinatos anteriores. Antes disso, há apenas um boletim de tentativa de estupro em 1995.
No entanto, segundo Campbell, o promotor Edilson Mougenot Bonfim e o psiquiatra Guido Palomba defendem que Francisco pode ter iniciado sua trajetória criminosa no início da década de 1990, como seria típico de serial killers com seu perfil.
A família de Jane destaca semelhanças com as vítimas do Maníaco: ela era branca, baixinha e tinha cabelos encaracolados. Orientados pelo delegado Sérgio Alves, eles pretendem buscar o DHPP para verificar se uma das ossadas encontradas no Parque do Estado pode ser de Jane.
Para isso, devem reunir laudos dentários e informações genéticas, além de realizar exames de DNA, se necessário. Apesar da intenção da família em esclarecer o mistério, a Secretaria de Segurança Pública informou ao jornal que as ossadas não estão sob custódia do DHPP, sem esclarecer seu paradeiro.
Bonfim esclareceu que, mesmo que Jane seja confirmada como uma das vítimas, não é possível reabrir o caso para uma nova condenação, pois o crime já prescreveu após mais de 20 anos.
"Do ponto de vista penal, nada mais pode ser feito. O nosso tempo de prescrição é um escândalo. Mas é a lei que temos. Se de fato ele matou essa moça, teria que ter sido descoberto na época", pontuou.