Fenda em expansão: O continente africano está se partindo em dois?
Aventuras Na História
Placas tectônicas são enormes blocos rochosos que envolvem a Terra, e estão localizadas logo acima do manto, que é uma camada do planeta formada por magma (o material que é expelido por vulcões durante suas erupções).
Essas placas territoriais estão em constante movimento, que é o que origina os terremotos, com algumas delas se aproximando e outras se afastando. A colisão entre elas é responsável pela formação de montanhas — um exemplo é a cordilheira do Himalaia, que surgiu há 200 milhões de anos como resultado de um choque entre a placa Indiana e a Eurasiática.
Já seu afastamento cria rebaixamentos de terra chamados de vales ou fossas oceânicas, como a famosa Fossa das Marianas, o local mais profundo da Terra, que se formou entre 6 e 9 milhões de anos atrás.
A África, por sua vez, está localizada sobre duas placas tectônicas diferentes, a Placa Africana, onde está a maior parte do continente e a Placa da Somália, e, entre elas, existe uma zona chamada de Grande Vale do Rifte, ou então Vale da Grande Fenda.
Fenômeno geológico
Esse local, onde é possível ver os efeitos do distanciamento entre dois blocos territoriais, começou a se formar há 35 milhões de anos. A fenda corta o continente desde sua costa com o Mar Vermelho até Moçambique, se estendendo por nada menos que 3.500 quilômetros de extensão.
Outro detalhe de relevância é que ela prossegue em processo de expansão até hoje, aumentando entre 6 e 7 milímetros a cada ano, que é um ritmo comparável à taxa de crescimento de nossas unhas dos pés, segundo divulgado pelo LiveScience.
Vale apontar aqui que nem todos os chamados "riftes" seguem se afastando, assim como ocorre no Vale da Grande Fenda — enquanto este permanece ativo, existem riftes que já se tornaram passivos, isso é, pararam de crescer.
Futuro geográfico da África
Quando fendas se tornam muito grandes, elas podem rasgar continentes de forma definitiva. Foi assim, afinal, o surgimento da própria América do Sul, que se separou da África há 100 milhões de anos, segundo informado pela revista Fapesp.
Mas não é possível dizer se o distanciamento entre a Placa Africana e a Placa da Somália terá força suficiente para de fato rasgar o continente africano em uma porção ocidental (a maior) e uma porção oriental — o que, caso ocorra, será entre 1 e 5 milhões de anos no futuro —, ou se irá desacelerar e parar completamente antes de chegar a esse ponto.
Em entrevista ao LiveScience, Ken Macdonald, um professor da Universidade da Califórnia, nos EUA, discorreu a respeito da questão:
O que não sabemos é se esse rompimento continuará em seu ritmo atual para eventualmente abrir uma bacia oceânica, como o Mar Vermelho, e depois para algo muito maior, como uma pequena versão do Oceano Atlântico. Ou [será que] irá acelerar e chegar lá mais rapidamente? Ou irá parar?"