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Há 12 anos, ocorria o Massacre de Realengo, o atentado que abalou o país
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Há 12 anos, ocorria o Massacre de Realengo, o atentado que abalou o país

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Aventuras Na História
05/04/2023 18h39
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©Wikimedia Commons
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Ninguém poderia prever que, na manhã do dia 7 de abril de 2011, há exato 10 anos, o ex-aluno Wellington Menezes de Oliveira, de 23 anos, retornaria para o colégio que não visitava há uma década — quando concluiu a segunda etapa do Ensino Fundamental. Pela porta da frente, entrava armado para completar uma série de justificativas que revelou em vídeos privados.

O alvo escolhido foi baseado em um dos períodos mais obscuros de sua vida; por lá, sofreu bullying, conforme relatou em cartas divulgadas pela Folha de São Paulo: “Muitas vezes aconteceu comigo de ser agredido por um grupo, e todos os que estavam por perto debochavam, se divertiam com as humilhações que eu sofria, sem se importar com meus sentimentos".

Somado aos problemas decorrentes do abuso psicológico; o falecimento de sua mãe adotiva, um ano antes; e o consumo de assuntos extremistas em fóruns ‘chans’, como relatou o The Intercept, serviram como inspiração para externar o ódio com informações sobre treinos de tiro, temas religiosos e, principalmente, sobre vingança e suicídio.

Fotografia de Wellington encontrada em um dos computadores confiscados pela Polícia / Crédito: Divulgação

Um dia antes do ataque, publicou uma extensa carta de suicídio em seu perfil na extinta rede social Orkut, além de deixar dois vídeos enfatizando o impacto mental da adolescência socialmente desfavorável: “A nossa luta é contra pessoas cruéis, covardes, que se aproveitam da bondade, da inocência, da fraqueza de pessoas incapazes de se defenderem”.

A sangue frio

Nos vídeos e cartas, Wellington descrevia a data como o “dia final”. De acordo com a BBC, ele começou entrando pela porta da frente da secretaria, se apresentando de forma educada como palestrante e informando que já iria para uma das salas que, segundo ele, já havia combinado uma apresentação com uma professora. Entrou, sem pedir permissão, na sala da professora Leila D’Angelo, interrompendo uma aula de português da 8ª série.

Tranquilamente, retirou dois revólveres (de calibres .38 e .32,7) de uma bolsa e revelou uma cinta repleta de speedloaders, um tipo de carregador de munições de uso rápido. Iniciava, por volta das 8h00, uma das maiores tragédias do país, atirando contra crianças de idades entre 13 e 15 anos, aleatoriamente.

O rapaz tinha um alvo em especial: as garotas, a qual atribuiu diversas dificuldades de convívio e relacionamentos durante a juventude. Enquanto os garotos eram mirados nos braços e pernas, as garotas sofriam disparos contra as cabeças. Segundo outros alunos, presentes nos ataques, algumas vítimas foram cruelmente amedrontadas antes de morrer, com a arma sendo posicionada contra a testa.

Fim de uma dor

Após vitimar 12 alunos, sendo 10 garotas e 2 meninos, ainda recarregou as armas e tentou invadir outra sala, se direcionando ao corredor. Contudo, em imagens divulgadas pelo portal G1 na época, militares conseguiram iniciar um tiroteio com o rapaz após ver uma criança saindo do colégio ensanguentada.

Devido ao deslocamento massivo de crianças em meio a gritaria, o sargento Márcio Alves teve de ser cuidadoso para acometer o atirador — e o atingiu com sucesso na perna e abdômen. Evitando ser detido, Wellington disparou contra a própria cabeça na escadaria da escola.

O governador Sérgio Cabral e o prefeito Eduardo Paes na quadra do colégio / Créditos: Wikimedia Commons

A Presidente do Brasil na ocasião, Dilma Rousseff evitou discursar tomada pela emoção, decretando luto oficial com a duração de três dias. O governador e o prefeito do Rio de Janeiro se reuniram no ginásio do colégio e homenagearam as crianças e os policiais que interromperam o ataque: “Sem eles, a tragédia teria sido maior”, disse Sérgio Cabral. A prefeitura homenageou os falecidos no ataque nomeando doze creches do município com os nomes das vítimas.


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