Há 14 anos, homem pedia a devolução do rim que doou à ex-mulher
Aventuras Na História
No ano de 2001, quando a esposa do médico Richard Batista precisou de um transplante de rins, ele decidiu doar o seu próprio. Em 2009, porém, após o seu casamento ter acabado, ele tentou fazê-la "devolver" o órgão como parte de seu acordo de divórcio.
Na época da boa ação de Batista, sua esposa havia acabado de passar por sua segunda cirurgia fracassada de transplante, e seus problemas médicos estavam sendo um fardo no matrimônio.
Uma boa ação?
Minha prioridade era salvar a vida dela. O segundo bônus foi mudar o casamento", explicou o médico a respeito da motivação por trás de sua decisão, conforme repercutiu o The Guardian.
Infelizmente, anos mais tarde, em 2005, a mulher acabou pedindo o divórcio de qualquer maneira. As negociações de sua separação já duravam quatro anos quando o norte-americano fez o pedido surreal que faria sua história se tornar notícia nos Estados Unidos e no mundo.
Ainda de acordo com o veículo, ele queria que ela "devolvesse" o rim, ou o equivalente financeiro a ele, que seria nada menos que US$ 1,5 milhão. À imprensa, Richard Batista afirmou que escolheu tornar o caso público devido à demora da conclusão do processo.
Neste meio-termo, sua ex-esposa passava meses ou até mesmo anos inteiros sem deixá-lo ver os três filhos do casal, que tinham então 8, 11 e 14 anos. "Este é meu último recurso. Não queria fazê-lo de maneira pública", afirmou o homem, segundo repercutiu o Daily News na época.
Outro detalhe é que ele disse que a ex-parceira teria começado a traí-lo antes de pedir o divórcio. Conforme especulado pelo ex-marido, a relação extraconjugal começou cerca de dois anos após o transplante em questão.
Rins
A solicitação extrema do homem veio a público em fevereiro de 2009, e acabou sendo rejeitada por uma corte dos EUA em julho daquele mesmo ano. No documento explicando a decisão judicial, foi citado que "tecidos humanos" não eram considerados um "bem matrimonial", de forma que não podiam ser redistribuídos entre as partes após o divórcio — diferente do que ocorre com casas e carros.
Além disso, é ilegal no país pedir a devolução de um rim que foi doado, de forma que o pedido de Batista poderia, inclusive, ser encarado como uma tentativa de extorsão e justificar um processo criminal contra ele, de acordo com o portal da NBC News.
A resposta da Justiça norte-americana à solicitação do homem, vale mencionar, não surpreende os especialistas da área. Quando o caso veio a público, Arthur Caplan, um pesquisador de ética na Escola de Medicina Grossman da Universidade de Nova York, respondeu ao The Guardian que a possibilidade do homem receber de volta o órgão ou o equivalente financeiro dele era "algo entre impossível e completamente impossível".