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Hilda: a bezerra que promete diminuir gases do efeito estufa
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Hilda: a bezerra que promete diminuir gases do efeito estufa

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Aventuras Na História
20/01/2025 13h30
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©Phil Wilkinson/SRUC
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O nascimento de uma nova vaca-leiteira na Escócia está sendo celebrado como um marco importante nos esforços para mitigar as emissões de metano no setor agrícola. Batizada de Hilda, a bezerra representa o primeiro fruto da técnica de fertilização in vitro aplicada ao rebanho da propriedade Langhill, localizada no sul do país. Hilda foi criada para emitir menos gases.

A produção de metano, um gás de efeito estufa que contribui significativamente para o aquecimento global, é proveniente principalmente dos arrotos e do esterco do gado. Esse gás é até 80 vezes mais potente que o dióxido de carbono em um período de 20 anos e é responsável por aproximadamente 30% das emissões globais de metano, com dois terços dessas emissões advindas da pecuária voltada à produção de carne e laticínios.

Veterinários e cientistas consideram o nascimento de Hilda um avanço significativo na redução da emissão de carbono associada à pecuária.

Segundo Mike Coffey, professor da Scotland's Rural College, instituição dedicada à sustentabilidade e parceira do projeto, Hilda é fruto da combinação de três inovações tecnológicas: a previsão da produção de metano a partir do DNA da vaca, a coleta de óvulos de vacas jovens e a fertilização com sêmen selecionado.

"Você mistura essas três [tecnologias] e isso permite acelerar a seleção de fêmeas para reduzir a produção de metano, um bezerro de cada vez", afirmou Coffey. Ele acrescentou que a repetição desse processo ao longo dos anos resultaria em um rebanho com menores emissões de metano.

Rob Simmons, representante do Paragon Veterinary Group, também parceiro do projeto, enfatizou que o aprimoramento genético voltado para a eficiência na produção de metano será crucial para garantir a oferta contínua de alimentos nutritivos enquanto se controla o impacto ambiental das emissões.

O rebanho

O rebanho da Langhill é parte do projeto de genética bovina mais antigo do mundo e avalia as vacas com base em critérios como saúde, fertilidade e eficiência alimentar. De acordo com Coffey, as abordagens tradicionais já contribuíram para uma redução anual das emissões em cerca de 1%. Contudo, essa nova técnica pode potencialmente aumentar essa redução em até 50% anualmente, resultando em uma diminuição total de 30% nas emissões ao longo dos próximos 20 anos.

Um estudo realizado no Canadá corroborou essa abordagem, sugerindo que os agricultores que selecionarem vacas para melhorar as emissões poderiam alcançar reduções significativas até 2050.

Embora haja cerca de 1,5 bilhão de bovinos no mundo — incluindo aproximadamente 270 milhões de vacas-leiteiras — o custo atual para produzir uma vaca como Hilda é estimado em cerca do dobro do valor econômico do animal. Coffey observa que isso torna a abordagem inviável financeiramente para muitos agricultores neste momento. O foco agora é encontrar maneiras eficazes de financiar a expansão do projeto.

Coffey sugere que o governo poderia desempenhar um papel fundamental nesse processo, similar ao apoio oferecido para a adoção de veículos elétricos. Ele compara essa transição à evolução da indústria automobilística, onde eventualmente os carros movidos a combustíveis fósseis serão substituídos por alternativas sustentáveis.

É importante destacar que o projeto se insere em uma iniciativa global mais ampla. Além das estratégias genéticas, outras pesquisas estão investigando aditivos alimentares como algas marinhas ou métodos para capturar o metano dos resíduos animais e convertê-lo em biogás.

Coffey destaca que muitos países estão engajados em uma "corrida internacional" para reduzir rapidamente as emissões provenientes dos ruminantes.

No entanto, os cientistas alertam que as emissões de metano estão aumentando em ritmo acelerado e que as melhorias tecnológicas atuais podem não ser suficientes para atingir as metas estabelecidas pelo Acordo de Paris. Eles defendem uma necessidade urgente de reduzir significativamente a produção de carne e laticínios e promover dietas mais baseadas em vegetais.

Estudos apontam que os setores relacionados à carne e aos laticínios são responsáveis por até 20% das emissões globais totais de gases do efeito estufa. Além disso, a demanda global por carne deve aumentar em até 14% até 2030, conforme previsto pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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