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Homem de Vittrup: O passado revelado do homem brutalmente morto há 5.200 anos
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Homem de Vittrup: O passado revelado do homem brutalmente morto há 5.200 anos

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Aventuras Na História
17/02/2024 14h15
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https://timnews.com.br/system/images/photos/16060623/original/open-uri20240217-73-am1ewo?1708179914
©Stephen Freiheit/Fischer et al.
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Em 1915, o tornozelo direito, a tíbia esquerda inferior, mandíbula e crânio fragmentado de um homem foram encontrados ao lado de um porrete em um pântano de turfa em Vittrup, Dinamarca. 

Acredita-se que a vítima morreu há cerca de 5.200, após se atingido na cabeça com o porrete por pelo menos oito vezes. Assim, ele e a arma foram deixados no local em algum momento entre 3.100 a.C. e 3.300 a.C.

Após todos esses anos, agora o 'Homem de Vittrup', como é chamado, teve seu passado estudado mais afundo, revelando um pouco mais da história do imigrante mais antigo conhecido da Dinamarca. A pesquisa foi publicada na última quarta-feira, 14, na revista PLOS One.

"Eu queria fazer um crânio anônimo falar (e) encontrar o indivíduo por trás do osso. O resultado inicial foi ‘quase bom demais para ser verdade’, o que me fez aplicar métodos adicionais e alternativos. O resultado foi essa história de vida surpreendente", disse o principal autor do estudo, Anders Fischer, pesquisador do projeto no departamento de estudos históricos da Universidade de Gotemburgo, na Suécia, e diretor da Arqueologia de Sealand, em entrevista à CNN Brasil.

Os especialistas descobriram que o material genético do Homem de Vittrup era distinto do restante da população da Idade da Pedra que ocupava aquela região dinamarquesa. Entenda!

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Migração na Idade da Pedra

Analisando cada detalhe possível do DNA do Homem de Vittrup, como seu colágeno ósseo, o esmalte de seu dente e até mesmo do tártaro, os pesquisadores descobriram que ele sofreu uma mudança de dieta, passando de uma alimentação típica de caçadores-coletores para a de um agricultor antes de morrer — entre seus 30 e 40 anos. 

Acredita-se que o sujeito seja oriundo da costa da Península Escandinava, muito mais acostumado com os climas frios noruegueses e suecos — sua identidade genética, inclusive, estava muito próxima das pessoas que viviam nessas regiões. Seu tom de pele também era mais escuro do que os moradores antigos da Dinamarca. 

Em um primeiro momento, o Homem de Vittrup deve ter pertencido a uma comunidade de caçadores-coletores no norte da Escandinávia; alimentando-se de peixe, focas, baleias e outros tipos de animais marinhos. 

Mas por volta dos seus 18 ou 19 anos, ele passou a basear sua dieta como a de um agricultor, com carne de cabra e ovelha. O que coincidiria com o período que ele esteve na Dinamarca. 

Especula-se que ele chegou ao país após "uma extensa viagem de barco", aponta o estudo. "Mas podem dizer algo sobre as trocas contínuas entre os agricultores dinamarqueses e os caçadores-coletores do norte", acrescenta o coautor do estudo Karl-Göran Sjögren, pesquisador no departamento de estudos históricos da Universidade de Gotemburgo.

No entanto, não se sabe o motivo de tal viagem longa, mas existem algumas teorias levantadas pelos estudiosos. Uma aponta que o sujeito possa ter sido um cativo ou escravo que fora levado para a Dinamarca. Outra que ele foi um comerciante que se estabeleceu por lá. 

O Homem de Vittrup é um migrante — o primeiro imigrante de primeira geração incontestável conhecido da Dinamarca e região", disse Fischer. "Pelo que sabemos, é a primeira vez que os cientistas conseguiram mapear tão detalhadamente a história de vida de uma pessoa do norte da Europa em um passado tão distante".

A morte do Homem de Vittrup

Sobre sua morte, tudo não passa de especulação. Embora os pesquisadores acreditem que ele possa ter sido morto como uma forma de sacrifício — prática comum na Dinamarca daquela época. 

Mandúbula do Homem de Vittrup - Stephen Freiheit/Fischer et al.

"O Homem de Vittrup foi morto de forma incomumente brutal", aponta Fischer. "Talvez devêssemos entendê-lo como um escravo que foi sacrificado aos deuses quando já não era mais adequado para o trabalho físico árduo", completou o coautor do estudo Kristian Kristiansen, professor de arqueologia na Universidade de Gotemburgo.

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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