Inspiração, múmia e roubos: 5 curiosidades sobre 'O Grito', de Edvard Munch
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Ao longo da história, a Arte — uma das criações humanas que mais nos diferenciam dos animais — sofreu diversas mudanças, bem como as sociedades e o próprio mundo. Por isso, para facilitar a compreensão e estudo desses diferentes períodos, existem os chamados "movimentos artísticos".
Um dos movimentos mais emblemáticos, quando a Arte e a Ciência eram grandes expoentes para a humanidade — em especial na sociedade européia — foi o Renascimento (surgido na Itália, no século XIV), com grandes nomes como o genial Leonardo da Vinci, que criou provavelmente a pintura mais famosa do mundo, a 'Mona Lisa', e a lenda Michelangelo Buonarroti, que fez 'A Criação de Adão'.
No entanto, alguns séculos depois dos gênios italianos, o mundo já se encontrava em outro período, e os movimentos artísticos se desenrolavam também em diferentes lugares do mundo. E foi assim que, no início do século XX, na Alemanha, surgiu outro importante movimento: o Expressionismo.
Caracterizado pelo uso de cores intensas, traços grossos e distorcidos, com grande foco em aspectos subjetivos e com uma visão trágica e pessimista sobre o ser humano, o movimento tem como um de seus principais nomes o pintor norueguês Edvard Munch. Confira a seguir 5 curiosidades sobre sua obra mais emblemática, e a maior figura do Expressionismo: 'O Grito'!
1. Só uma pintura?
Quando se pensa em grandes quadros ou pinturas produzidos ao longo da história, geralmente vem em mente peças raras, como a própria 'A Última Ceia' ou 'A Criação de Adão'. Porém, 'O Grito' possui um diferencial com relação a essas duas obras: não é uma pintura única.
Isso porque, quando criou 'O Grito', Munchreproduziu a mesma cena quatro vezes, mas com técnicas diferentes. Conforme descrito pelo site Mental Floss, em 1893, o norueguês fez uma versão pintada e também uma peça a lápis de cor. Dois anos depois, criou outra versão, dessa vez em tons pasteis; e por fim, em 1910, usou tintas têmperas.
Além do mais, a obra de Munch ficou bastante popular no cenário europeu enquanto ele ainda era vivo. Por isso, também vendeu diversas impressões em preto e branco de sua pintura.
2. Nome original
Embora hoje a obra de Munch seja mundialmente conhecida, bastando falar 'O Grito' para que a maioria das pessoas logo pense na icônica pintura, a verdade é que seu nome originalmente não seria este. Isso porque, a princípio, ela se chamaria 'O Grito da Natureza', nome justificado por um poema que escreveu no quadro de 1895.
"Eu estava caminhando pela estrada com dois amigos / o sol estava se pondo - o céu ficou vermelho como sangue / e senti um cheiro de melancolia – Fiquei / Ainda, mortalmente cansado – sobre o azul-escuro / Fiorde e Cidade pairavam Sangue e Línguas de Fogo / Meus Amigos caminhavam – Fiquei para trás / – tremendo de Ansiedade – Senti o grande Grito na Natureza – EM", escreveu Munch.
3. Triste inspiração
Sue Prideaux, uma escritora e biógrafa inglesa, responsável por produzir a biografia de Edvard Munch, aponta que a primeira criação de 'O Grito' poderia ser, na verdade, uma obra sobre suicídio. Isso porque ela foi produzida em uma época que, de uma vez, o pintor norueguês estava falido, recém-saído de um caso de amor fracassado e com medo de desenvolver a doença mental que assombrava sua família — sua irmã mais nova tinha esquizofrenia, e o pai, depressão.
4. Inspirado em uma múmia peruana?
Ainda de acordo com o Mental Floss, na mesma época em que 'O Grito' foi criado, arqueólogos descobriram um guerreiro Chachapoyas mumificado nas redondezas do rio Utcubamba, na região amazônica do Peru. E sequer é preciso observar a múmia por muito tempo para perceber semelhanças entre ela e a figura representada na obra de Munch.
Com ambas as mãos cimentadas, uma em cada lado do rosto, envolvendo uma boca aberta em um aparente grito, a múmia peruana pode ter servido, segundo o historiador de arte Robert Rosenblum, como uma verdadeira inspiração à Munch, que teve a chance de conhecê-la quando estava em uma exposição em Paris.
5. Roubos e recompensa
No mesmo dia em que as Olimpíadas de Inverno de 1994 começavam, em Lillehammer, na Noruega, bandidos entraram furtivamente na National Gallery em Oslo e, para o desespero dos responsáveis pelo quadro, fugiram com a obra-prima de Munch. A facilidade da ação foi tamanha, que eles ainda deixaram um bilhete escrito "obrigado pela falta de segurança"; felizmente, 'O Grito' foi recuperado três meses depois.
No entanto, este não seria a única grande aventura envolvendo o quadro de Edvard Munch. Em 2004, somente 10 anos depois, dois homens armados entraram no mesmo museu e furtaram não só 'O Grito', como também a pintura 'Madonna'. Em maio de 2006, três homens foram condenados e presos pelo roubo, mas as pinturas seguiram desaparecidas.
E curiosamente, uma empresa inusitada se envolveu nos esforços para a recuperação dos quadros, aproveitando também a situação como uma jogada de marketing: a Mars, Inc, responsável pelos M&M's, que lançavam um novo sabor de chocolate amargo. No anúncio, ofereceram ainda a impressionante recompensa de mais de 2 toneladas das balas de chocolate.
E somente poucos dias após essa promoção surgir, um dos homens detidos envolvidos no roubo revelou o paradeiro dos quadros, pedindo como recompensa todos os doces e ainda o direito a visitas íntimas. Porém, a empresa acabou decidindo que quem deveria receber o prêmio eram as autoridades responsáveis pela prisão do homem — que, por sua vez, decidiram que seria melhor que o valor em dinheiro do doce (aproximadamente US$ 26 mil na época) fosse doado ao Museu Munch.