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JFK sentia culpa e arrependimento ao encarar o passado: 'Não sou uma boa pessoa'
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JFK sentia culpa e arrependimento ao encarar o passado: 'Não sou uma boa pessoa'

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Aventuras Na História
19/07/2025 14h00
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J. Randy Taraborrelli já publicou cinco livros sobre uma das famílias mais famosas e poderosas da história norte-americana: os Kennedy. No entanto, sua sexta obra ganha um enfoque inédito: John Fitzgerald Kennedy.

Em 'JFK: Public, Private, Secret' ele trata pela primeira vez sobre o 35º presidente dos Estados Unidos — desde o ano de 1961 até seu assassinato, em 22 de novembro de 1963. 

Escrevo sobre os Kennedys da perspectiva de Jackie há 25 anos", disse o autor ao The Guardian, fazendo referência a primeira dama Jacqueline Kennedy. "Dois anos atrás, fiz 'Jackie: Público, Privado, Secreto', que era Jackie do berço ao túmulo. Quando fez sucesso, pensei: 'É hora de contar a versão de JFK da história.'"

Para isso, ele recorreu a diversos arquivos sobre John Kennedy, mas também fez diversas entrevistas, revisões e buscou novas fontes, como a assessora de imprensa de Marilyn Monroe, Patricia Newcomb, agora com 95 anos, e Janet Des Rosiers Fontaine, ex-secretária e namorada do pai de JFK, Joseph Kennedy, agora com 100 anos.

O presidente norte-americano John Fitzgerald Kennedy - Getty Imagens

"Não será… um relato detalhado de cada momento da história política de JFK. Eu queria fazer um retrato mais humano, algo que as pessoas pudessem [usar] para realmente entender esse homem e gostar dele ou, pelo menos, odiá-lo", explica.

Segundo o The Guardian, o tema central de Taraborrelli é o tratamento dado às mulheres por JFK. "Sempre vimos JFK como um marido infiel e inconsequente", disse ele. 

"Eu queria, talvez, não defendê-lo tanto, mas explicá-lo, tentar entrar na cabeça dele e contar o seu lado da história. Este livro é, na verdade, um complemento de Jackie: Público, Privado, Secreto. Quando você lê os dois, você realmente consegue ter uma visão completa daquele casamento".

Além de um adúltero implacável

O novo livro de Taraborrelli apresenta um retrato sensato de JFK: um adúltero implacável, mas que chegou a uma certa compreensão de sua fraqueza por meio das consequências dolorosas de seu comportamento, de um aprofundamento tardio da conexão com sua esposa e das provações do cargo.

O problema com JFK é que, por mais inconcebíveis que fossem suas ações, ele ainda tinha consciência, o que tornou tudo ainda mais difícil para ele, porque, se você não tem consciência, pode ser apenas uma pessoa ruim e ficar bem com isso. É quando você tem consciência que isso lhe causa problemas internos", diz o autor. 

Embora o comportamento de JFK tenha certamente lhe causado problemas em sua reputação, Taraborelli explica que não quis se apegar exclusivamente nas polêmicas da vida do ex-presidente — principalmente as amorosas. 

"Também tomei a decisão logo no início com JFK de que não queria que [o livro] fosse um compêndio de todos os seus casos amorosos... uma lista de A a Z de todas as mulheres com quem ele dormiu, porque muitas dessas mulheres escreveram seus próprios livros e muitas foram entrevistadas para livros. Suas histórias já foram contadas".

John e Jacqueline Kennedy com sua esposa e seus filhos, John Jr. e Caroline - Domínio Público via Wikimedia Commons

"Eu queria encontrar mulheres que fizessem a diferença, como Joan Lundberg realmente fez a diferença na vida dele. Judith Exner fez a diferença, embora eu não acredite em nada do que ela disse sobre qualquer coisa. Ela estava lá, sabe? Mary Meyer fez a diferença. Marilyn Monroe faz a diferença, historicamente, se não pessoalmente", prosseguiu ao Guardian.

O próprio caso com Marilyn Monroe já faz parte de um legado conspiratório deixado pelo Kennedy, o que alimentou teorias como sua proximidade com o crime organizado (em parte por meio de Exner, também envolvido com um mafioso de Chicago) e seu assassinato, tudo isso alimentando uma próspera indústria editorial de labirínticas especulações. 

Assim, o autor aponta não ter o interesse de participar desse debate. No caso da morte de JFK, aliás, ele aborda o tema já nas páginas finais, ignorando questões que são debatidas ainda hoje como: o assassino Lee Harvey Oswald agiu sozinho? O que a CIA sabia? 

Taraborelli diz acredita que John Kennedy não teve um envolvimento amoroso com Monroe — embora Jackie tenha expressado preocupação com isso — porque não há evidências. Mas recorda que JFK teve um caso até então desconhecido com Lundberg, uma aeromoça californiana, na década de 1950, quando era um ambicioso senador por Massachusetts. A relação terminou com John engravidando a moça e depois pagando a ela para abortar seu filho. 

"JFK conheceu Joan quando estava em desacordo com a família. Jackie teve um natimorto em 1956 e JFK não voltou das férias para ficar com a esposa. Levou uma semana para voltar. E quando voltou, todos na família, ambos os lados da família, não queriam mais saber dele. Aliás, a mãe de Jackie ficou tão chateada que o fez dormir no quarto de empregada em cima da garagem", conta.

"E então ele foi para Los Angeles e conheceu [Lundberg], e ela não sabia nada sobre ele, além de que ele era um senador famoso, mas ela não o conhecia pessoalmente, e não conhecia ninguém em sua vida. E ele conseguiu se abrir com ela honestamente e usá-la como uma espécie de pseudoterapeuta para tentar resolver alguns de seus problemas. E ele estava tentando entender como pôde ter feito isso com a esposa?".

Homem bom?

Em 'Ask Not: The Kennedys and the Women They Destroyed', a escritora Maureen Callahan detalhou como a família Kennedy — principalmente os homens — destruíram a vida de diversas mulheres. 

E embora Taraborrelli não tenha lido a obra, sua pesquisa também aborda o tema. "Em certo momento, Joan lhe disse: 'Acho que você é uma boa pessoa'. E JFK respondeu: 'Não, não sou mesmo'. Ele nem se considerava um bom homem. Disse que se sentia preso em si mesmo e não conseguia encontrar uma maneira de sair."

Nem mesmo a irmã de John, Rosemary Kennedy, escapou das atrocidades da família. Afinal, em 1941, seu próprio pai providenciou "uma cirurgia cerebral que deu terrivelmente errado, a deixou inválida, e então ele a internou e disse à família que eles precisavam esquecer que ela existia, e todos esqueceram, mas JFK sentia vergonha de ter deixado isso acontecer com a irmã que ele amava".

Rosemary Kennedy - Getty Images

"No livro, você percebe que, se ele foi capaz de se dissociar da própria irmã, a quem amava, como se sentiria em relação a um bebê que Jackie teve e que morreu, e que ele não conhecia? É como se ele não tivesse empatia. Jackie percebeu isso, então encontrou Rosemary, a irmã que [JFK] não via há 15 anos, e ela o encorajou a ir até a irmã e se reconectar com ela, porque sabia que ele não poderia ser um homem plenamente realizado, guardando esse segredo obscuro e sentindo-se envergonhado", explica o autor.

E então esse foi outro bloco de construção. E então, quando o filho deles, Patrick, morreu [vivendo menos de dois dias em agosto de 1963], esse foi outro bloco de construção".

Taraborrelli, porém, aponta que tais experiências ajudaram a tirar "Kennedy de si mesmo" à beira da morte, "transformando-o em um homem diferente, um homem de bom caráter... e assim, neste livro, vemos JFK assumir a responsabilidade por seus erros. Ele diz: 'A maneira como eu era era dolorosa, e por dolorosa, quero dizer vergonhosa'".

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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