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Leda e o cisne: Relembre o afresco sensual encontrado em Pompeia
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Leda e o cisne: Relembre o afresco sensual encontrado em Pompeia

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Aventuras Na História
11/12/2023 22h00
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©Ministério do Patrimônio Cultural e Atividades
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Quando o Vesúvio entrou em erupção, no ano de 79 d.C., o fenômeno liberou, em um primeiro momento, rochas quentes do cone do vulcão. Logo depois, uma alta coluna de cinzas caiu sobre a cidade de Pompeia. 

Embora o episódio tenha vitimado entre 10 mil e 20 mil pessoas — o número é incerto até hoje —, a sequência dos acontecimentos descritos acima serviram para preservar o cenário da época. Afinal, caso a lava tivesse sido expelida do vulcão, tudo teria sido destruído. 

+ Vítimas da fúria do Vesúvio: Os restos mortais de Pompeia que revelaram curiosidades

Cena do filme Pompeia (2014)/ Crédito: Divulgação

"As rochas piroclásticas são muito perigosas quando estão quentes, mas contribuíram para a preservação de muitos artefatos antigos aqui, quase como o material de uma embalagem", explicou Francesco Muscolino, arqueólogo do Ministério da Cultura da Itália. 

Um desses exemplos é o de uma cena provocativa da mitologia grega antiga que ficou escondida, por quase dois mil anos, em um afresco descoberto durante os trabalhos de manutenção na seção Regio V (a Via del Vesuvio), uma das principais ruas de Pompeia, em 2018. 

A obra, de 33cm por 45 cm, mostra Leda, rainha de Esparta da mitologia grega, com o deus Zeus disfarçado de cisne, empoleirado em seu colo nu. Embora a cena erótica possa ser considerada 'incomum' para os dias atuais, era bem comum na época. 

O mural erótico

Além da representação, o que torna o mural tão surpreendente é se estado de preservação e a forma como a rainha de Esparta é retratada. Segundo a CNN Internacional, a história faz parte de um mito grego um tanto quanto peculiar. 

A lenda aponta que Leda foi seduzida, ou estuprada, e acabou engravidando de um cisne — que na realidade era Zeus, o rei dos deuses do Olimpo, que teria se apaixonado pela rainha. 

Conforme o mito, para consumar seu amor, Zeus teria achado uma forma de se encontrar com a amada na mesma noite em que Leda se relacionou com seu marido, o rei Tíndaro.

O duplo 'encontro' teria levado à formação de dois ovos de cisne, chocados por Leda. Assim, ela teve descendentes que seriam mistos de mortais com divindades — sendo Helena de Troia a mais famosa delas; além de Clitemnestra, Castor e Pólux.

Mural sendo recuperado/ Crédito: Ministério do Patrimônio Cultural e Atividades

A lenda é tão famosa que já foi retratada por uma série de gênios renascentistas, como Leonardo da Vinci e Michelangelo. Apesar de sua popularidade, existem poucas concordâncias sobre quem seduziu quem.

Ou seja, se a lenda é uma demonstração das proezas e poder sexual de um homem, ou a fraqueza de uma mulher para afastar suas investidas, mesmo quando ele estava disfarçado de um animal. 

Além disso, repercute a CNN, o pescoço do cisne é frequentemente retratado como um símbolo fálico; já o sorriso sutil de Leda é descrito como uma medida de seu prazer sexual provocado por ser dominada; o que pode gerar controvérsias — com razão — em questões semelhantes a temais atuais. 

Nada incomum

Em entrevista ao veículo, o então arqueólogo-chefe de Pompeia, Massimo Osanna, apontou que o mural encontrado é único porque mostra Leda de uma forma diferente das que ela já foi retratada anteriormente. "Envia uma mensagem de sensualidade. Significa: 'Estou olhando para você e você está olhando para mim enquanto estou fazendo algo muito, muito especial'", disse Osanna.

"É muito explícito. Veja a perna nua dela, a sandália luxuosa; é uma mensagem de beleza e também uma mensagem de sensualidade."

Apesar disso, a obra não é nem de longe a única representação de algo considerado 'sexualmente explícito' na sociedade da época. Os pesquisadores apontam que os visitantes da casa, onde a pintura foi encontrada, não precisavam nem mesmo entrar no imóvel para ver uma cena semelhante. 

Afinal, quem olhasse para dentro do local ao passar pela rua já conseguiria identificar um afresco de Príapo, o deus grego da fertilidade, pesando o seu falo exageradamente grande numa balança manual — o que representaria seu poder e masculinidade.

Parte do mural erótico encontrado em Pompeia/ Crédito: Ministério do Patrimônio Cultural e Atividades

"Esta era outra época e uma sociedade diferente. Não era tão estranho mostrar um falo masculino", contextualizou o arqueólogo. "O povo de Pompeia usou muito essa imagem. Se você vai aos banhos, eles ficam cheios de imagens sexuais explícitas. Era realmente uma sociedade onde o sexo não era algo para consumir apenas num espaço privado. Mas foi antes do Cristianismo, quando o sentido do sexo era totalmente diferente."

Por fim, os especialistas especulam que a habitação onde o mural foi encontrado, muito provavelmente, pertencia a um escravizado que tinha sido liberto. Com dinheiro suficiente, ele teria encomendado as pinturas privadas para mostrar seu status de poder. 

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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